• 12 maio, 2018

Como desenvolver “soft skills” com Mindfulness?

“Soft skills” – habilidades “leves”, comportamentais e atitudinais — são competências pessoais menos técnicas e mais subjetivas, muitas vezes difíceis de desenvolver e treinar.

As “soft skills” estão relacionadas à forma como interagimos com as pessoas, e podem afetar as nossas relações em casa e no ambiente de trabalho. Em contraposição, as “hard skills” seriam habilidades mais técnicas,por exemplo, analisar dados em uma planilha, o que seria algo mais palpável e com desempenho mensurável.

Alguns exemplos de “soft skills” são a habilidade de comunicação não violenta e mediação de conflitos, o pensar criativo, a empatia, a ética, a paciência e o trabalho em equipe. Podemos afirmar que a prática regular de mindfulness nos ajuda a desenvolver todos esses “soft skills” que citei acima (as pesquisas nos dizem isso). Mas como funciona?

Fica mais fácil de entender se lembrarmos que mindfulness é mais do que “atenção”, e envolve também (e principalmente) treinar a mente numa nova “atitude” frente a nós mesmos e à vida. Assim, as práticas de mindfulness (conheça 3 práticas simples) desenvolvem as duas coisas: atenção e atitude “mindful” ao mesmo tempo.

Podemos chamar a “atitude mindful” de vários “nomes”, como “olhar do principiante”, curiosidade, abertura ou aceitação. Assim, ao praticarmos mindfulness de maneira correta, desenvolvemos esse “soft skill” atitudinal e comportamental.

Vou explorar um pouco mais da atitude “mindful”, que pode ser dividida em até 9 qualidades atitudinais e sinérgicas, segundo o criador dos treinamentos contemporâneos de mindfulness, Jon Kabat-Zinn.

Vou focar em duas qualidades atitudinais que entendo serem as mais relevantes para desenvolvermos “soft skills” relacionais, melhorando nossas interações em casa e no trabalho. São o “olhar do principiante” e a “aceitação”, as quais se reforçam mutuamente.

“Olhar do Principiante”

Seria poder olhar para nós mesmos, para os outros, e para as coisas do dia a dia como se fosse a “primeira vez”, sem pré-julgamentos e juízos prévios de valor. Mais ou menos como as crianças fazem ao explorar algo novo.

Aceitação

O “olhar do principiante” inclui a “aceitação”. Vale lembrar que em mindfulness a palavra “aceitação” não quer dizer resignação (é uma confusão comum), e sim um olhar para as pessoas e fenômenos (externos e internos) tentando se aproximar dos mesmos como eles realmente são (com o “olhar do principiante”), e não como nós “imaginamos” que fossem, a partir de pré-julgamentos e juízos prévios de valor, como comentei.

Assim, a aceitação não é passiva, é apenas um reconhecimento ativo de que as coisas são, e como elas são naquele exato momento. Seria o contrário de passividade, porque aos termos mais consciência das coisas como elas realmente são, temos mais possibilidades de respostas conscientes, em vez de reagirmos no piloto automático (mais habitual).

Compreende-se então que o melhor lugar para a transformação (se necessária) começa por uma clara consciência da situação, e isso deve incluir um nível de aceitação.

Voltando aos “soft skills”, essas duas atitudes “mindful” são particularmente importantes para sairmos das rotulagens ou opiniões pré-concebidas sobre as pessoas e situações, ajudando na comunicação não violenta e mediação de conflitos, na empatia e, consequentemente, no trabalho em equipe.

São fundamentais também para o “soft skill” da criatividade, já que nos permitem “pensarmos fora da caixa”, ou sairmos de nossos padrões de respostas automáticos , aceitando melhor novas ideias (tecnicamente chamamos de “pensamentos divergentes”).

Vamos praticar a atitude “mindful”?

FONTE: UOL – Mindfulness para o dia a dia, por Dr. Marcelo Demarzo

Fonte: Flowing