• 5 fevereiro, 2022

Vida minimalista: conheça e veja como adotar

O consumo sem limites e a ideia de que comprar cada vez mais coisas é igual à felicidade nos levou a dois grandes problemas. O primeiro deles é ambiental: nosso planeta está sofrendo as consequências desse pesado ritmo de produção e consumo em que vivemos. O segundo é pessoal: hoje, parece que não nos sentimos mais completos — mesmo quando compramos de tudo.

Você já teve que fazer hora extra para pagar as dívidas ou faturas do cartão de crédito? Nessas situações, temos aquela plena convicção de que existem algumas alegrias que duram pouco mesmo.

Em função disso, às vezes as dívidas acumulam. E tudo isso atrelado à falta de espaço físico para guardar todos esses produtos (que não serão tão usados quanto imaginamos) contribui para essa sensação de que tudo está pesado.

E não é para menos: a nossa vida está cada vez mais cheia de coisas e com menos espaço para fazermos aquilo que realmente nos dá prazer, seja estar com os amigos ou com a família, seja pegar uma praia ou simplesmente perder 20 minutinhos brincando com o pet.

O estilo de vida minimalista é o oposto desse consumismo e dos sentimentos negativos. Além disso, ele é ótimo para suas economias.

O minimalismo

A primeira coisa a aprender sobre a vida minimalista é que ela não é uma receita de bolo. Existe um mito sobre ela que diz que devemos viver com quase nada. Mas sabemos não é bem assim que funciona! Ser minimalista não significa zerar o seu consumo. O objetivo não é viver com pouco, mas viver com o que é necessário e importante.

Se você assistiu Mogli, deve se lembrar do Urso Balu cantando “somente o necessário, o extraordinário é demais”! Parece que o simpático personagem já entendia tudo sobre minimalismo!

Quem adota esse estilo de vida é desapegado de bens materiais. Mas nem todo mundo encara o minimalismo da mesma forma. Você pode se tornar minimalista começando pela redução de desperdício e organizando suas coisas.

Ah! E não vá pensando que minimalismo é não ter nada (ou quase nada) além de móveis em casa. A ideia não é riscar as coisas da sua vida, mas ter certeza de que você realmente gosta e usa aquilo que mantém nela.

E se engana quem pensa que minimalismo é para quem tem muito dinheiro! A Nathaly Dias, mais conhecida como Blogueira de Baixa Renda, gravou em seu canal do YouTube uma série apenas sobre esse tema. Vale a pena conferir!

Quais são as vantagens?

Dá uma leveza só de imaginar uma vida com menos coisas e mais liberdade, não é? Então, descubra agora quais são os principais benefícios de se tornar minimalista!

Mais economia

Consumir menos também significa gastar menos. E você sabe o que acontece quando gastamos menos? Aumentamos as chances de ganharmos mais do que gastamos e viramos a balança financeira a nosso favor!

Se você não se sente muito confortável com essa filosofia da vida minimalista, também existem vantagens além dessas quando você a adota em sua rotina. Por exemplo: você vai dar maior valor ao seu dinheiro, vai ter um consumo consciente e escolher melhor em que investir suas horas de trabalho.

Maior sensação de liberdade

Vivendo apenas com o que é fundamental, a sensação de sobrecarga vai deixando sua vida, sendo substituída pela de liberdade. Desapegar dos bens materiais deixa sua mente mais livre para outras tarefas ou para focar outras coisas importantes, como a família e os amigos. Além disso, você vai perceber que algumas obrigações simplesmente diminuem o ritmo ou deixam de existir:

  • limpar e organizar sua casa já não dá tanto trabalho;
  • lavar o carro se torna apenas uma lembrança se você não tem um;
  • continuar em um emprego ruim não é uma obrigação para pagar coisas que você nem usa.
Maior criatividade e produtividade

Com a sensação de liberdade mental que a vida minimalista proporciona, a criatividade e a produtividade também ganham espaço. Quanto mais coisas a gente tem, maior é o tempo que elas consomem do nosso dia a dia, e você sempre vai achar que não tem o suficiente!

Acredite ou não, o ócio é uma matéria-prima essencial para a criatividade. Por isso, também é importante que você tenha um tempinho no seu dia para sentar e não fazer nada. Isso mesmo! Quanto tempo faz que você não se permite ficar observando as nuvens passarem no céu?

Melhor habilidade para se planejar e organizar

No minimalismo, planejamento e organização são fundamentais. Se você for uma pessoa com dificuldade para se organizar, dá pra desenvolver isso bem rápido com a prática. Não se surpreenda se, algum tempo depois de adotar a vida minimalista, você já estiver ensinando as pessoas a serem mais produtivas, organizadas e disciplinadas!

Com menos coisas ocupando o seu campo de visão e a sua mente, fica mais fácil ter clareza do que precisa ser feito e atribuir uma ordem para elas. Inclusive, existe uma filosofia que diz que a sua casa é um reflexo do seu estado de espírito. Sabia dessa?

Mais tempo para fazer o que ama

Existem coisas que amamos fazer e aquelas que nós fazemos única e exclusivamente porque precisamos. Algumas consomem mais tempo, outras nem tanto. Na correria, acabamos por fazer o que dá tempo no dia a dia.

Mas essas coisas são realmente o que amamos fazer? Qual seu hobby favorito e a quanto tempo você não consegue se dedicar a ele? Já pensou nisso?

Praticar um esporte, jogar videogames ou acompanhar os filmes do ano com a pessoa que ama: adotar uma vida minimalista pode fazer com que você tenha mais tempo para fazer tudo isso.

Questões sobre como ser mais produtivo, como ter mais tempo livre e como economizar dinheiro são pesquisadas muitas vezes no Google. Isso nos faz perceber que o estilo de vida minimalista está se tornando uma necessidade!

Mais qualidade de vida e menos estresse

Muitos de nós sofremos com uma rotina corrida e com um problema que parece ser comum a todos: a falta de tempo. Mas, será mesmo que é o tempo que está em falta? Ou é a nossa vida que está tão abarrotada de coisas e compromissos que nós sequer o vemos passar por nós?

Pense nisso como um conceito: adotar o minimalismo não é apenas sobre colocar aquela pilha de calças velhas e inutilizadas de lado para doá-las a alguém, mas sobre tirar de vez aquelas “coisas” da sua vida que estão só ocupando espaço, sabe?

Aquelas amizades que não levam você a nada, aqueles compromissos sociais que fazem voltar ainda mais desanimado para casa, aquele trabalho que não tem mais nada a ver com você… Sabe aquela história de eu preciso de um carro para gastar menos tempo no trânsito, mas preciso trabalhar mais para pagar meu carro?

Enquanto a gente faz coisas das quais não gostamos para dar conta de outras coisas das quais gosta menos ainda, a vida vai passando. Então, por que não conseguir um emprego no qual você ganhe menos, mas faça mais feliz porque você não precisa ficar 2 horas no trânsito?

Mais sustentabilidade

A vida minimalista é sustentável. Ela não obriga a consumir mais do que precisa, demandando uma enorme quantidade de recursos nos mais diversos níveis e usufruindo minimamente de um produto para depois descartá-lo.

Na verdade, ela faz pensar de forma mais inteligente sobre aquilo de que você realmente precisa e do que não. Além disso, ajuda a estar mais presente em relação a algo que você tem e nem se dá conta: poder de compra. O detentor do dinheiro é você e, caso você ainda não tenha percebido, nós vivemos em uma sociedade capitalista.

Em outras palavras (e de forma bem resumida), é você quem escolhe se vai investir seu suado dinheirinho na lojinha da sua rua, onde você sabe que as peças são cuidadosamente confeccionadas à mão e com materiais de qualidade, ou se vai comprar aquelas 3 blusas por R$ 100 que muitas vezes não duram até o final do verão, que vêm de mão de obra escrava e de empresas que nem consideram processos sustentáveis.

Mais espaço ao novo

Quando você abre espaço na sua casa e na sua vida, não fica apenas com mais metros quadrados para usufruir como quiser. Você fica cara a cara com a possibilidade de experimentar o novo, fazer outras escolhas e descobrir o que funciona para você.

Quer um exemplo? E se, em vez de comprar aquele molho industrializado no supermercado, com condimentos e aditivos químicos que você nem sabe o que são ou para que servem, você adquirir seus próprios tomates na feira, plantar suas ervinhas de cheiro e criar as suas combinações?

Assim, você reduz o consumo de embalagens, estimula o trabalho dos produtores rurais e apoia as pequenas empresas no comércio local, além de abrir as portas para um novo hobby, desvendando todo um universo. Percebeu a diferença?

Como ter uma vida minimalista?

Agora que você já entendeu os benefícios do minimalismo, imaginamos que esteja se perguntando como aprender mais sobre esse estilo de vida que vem sendo a tendência do momento. Confira, abaixo, algumas das sugestões que separamos para você!

Ordem na Casa com Marie Kondo

Trazendo ideias filosóficas e religiosas, a japonesa Marie Kondo alcançou sucesso com seu inovador método de organização baseado em uma pergunta: “esse objeto me traz felicidade?” Se a resposta for sim, você deve ficar com ele. Caso contrário, deve agradecer pelo que proporcionou e se desfazer dele.

A série de Marie está disponível na Netflix e se chama “Ordem na Casa”. Nela, são mostradas casas nas quais há muita bagunça e os moradores não sabem mais o que fazer. Se você quiser aprender mais sobre minimalismo e a organização de Marie Kondo, recomendamos que leia o livro dela, no qual o método é ensinado de maneira mais detalhada.

No Impact Man

Esse documentário de 2009 é baseado em um livro de mesmo nome. O escritor e blogueiro Colin Beavan resolveu fazer um experimento: ele e sua família tentaram adotar um estilo de vida que não causasse impacto no meio ambiente por um ano inteiro.

Nesse tempo, a família não produziu lixo, apenas para produção de adubo. Além disso, eles não compraram bens materiais, somente comidas cultivadas localmente. Eles também não usaram transportes com combustíveis de carbono e eliminaram totalmente o uso de produtos de papel. Inclusive papel higiênico!

Você não precisa seguir à risca o exemplo do blogueiro, mas ler o livro ou assistir ao documentário é uma maneira de aprender práticas sustentáveis mesmo que sejam poucas. Afinal, pouca mudança é melhor que nenhuma.

Minimalism: a documentary about the important things

Um documentário da Netflix que fala especificamente sobre o estilo de vida minimalista. Ao longo dele, você aprende o que é o minimalismo, o que as pessoas pensam e os efeitos dessa filosofia em sua rotina.

Quais são as melhores dicas para começar uma vida minimalista?

Como dar o pontapé inicial para a vida minimalista? Não poderíamos finalizar esse conteúdo sem oferecer um pequeno passo a passo para começar a mudar a forma como você se relaciona com seus bens materiais. Confira abaixo!

Deixe para lá o conceito de que o minimalista não tem nada

Desapegar de bens materiais é bem diferente de virar um monge. Como falamos no início, você não precisa se desfazer de todas as suas coisas, apenas do que não é mais importante e está ocupando espaço e tempo na sua vida.

Esse é também um exercício de autoconhecimento. Ao olhar ou tocar as suas coisas, você sabe identificar o que entre elas gera felicidade e o que não? Quando assume um novo compromisso, diferencia aqueles que dão vontade de cumprir até o último segundo e quais são os que dão vontade de correr? Não é que o minimalista não tenha nada; ele tem aquilo que é essencial.

Pergunte se seus objetos são realmente necessários

Você tem o hábito de comprar por impulso e agora está com um armário cheio de coisas que “poderiam ser úteis”, mas até hoje não foram tiradas de lá? É porque você não se perguntou se aquele produto é realmente necessário. Você provavelmente o comprou por um bom preço e inventou motivos que pareciam reais na época.

Para evitar isso, comece a se questionar sobre a necessidade real de cada item. Faça parecido com a Marie Kondo: pergunte se aquele bem vai realmente trazer felicidade ou se será apenas mais uma coisa para limpar e organizar depois.

Quando você começa a enxergar ofertas com mais intenção e atenção, é capaz de escolher melhor o que entra em sua casa e em sua vida.

Comece a praticar aos poucos

Comece aos poucos, um hábito de cada vez. O que mais incomoda são as compras por impulso? Então, desinstale aplicativos de compras e evite ir a locais com muito comércio por diversão. Por exemplo, só vá a shoppings se precisar realmente comprar algo lá.

Depois, considere uma limpa nas coisas que estão apenas ocupando espaço na sua casa. Se desfaça sem dó daquilo que não traz felicidade e faça um acordo consigo mesmo: a partir desse momento, só compre coisas que você realmente vai adorar ter por perto.

Planeje como vai se livrar das coisas desnecessárias

Não jogue tudo no lixo! No entusiasmo de ter uma vida mais simples e com menos coisas para ocupar seu espaço e tempo, é possível que você comece a se desfazer das coisas de qualquer jeito. Se algo é desnecessário para você, talvez não seja para outra pessoa.

Busque por projetos sociais ou de caridade que se interessem por suas coisas. Além disso, veja o que pode ser vendido on-line para conseguir um dinheiro extra. Jogue fora apenas o que realmente não serviria para ninguém, como roupas íntimas usadas, peças rasgadas etc.

Não conseguiu de primeira? Não desista!

Mudar hábitos é algo mais difícil do que parece. Apesar de os primeiros dias serem os mais fáceis por conta da animação, a verdade é que as recompensas por adotar o estilo de vida minimalista vêm depois de certo tempo.

Por isso, depois das primeiras semanas, talvez você se sinta menos motivado. É nesse momento que os primeiros deslizes começam a aparecer. Se isso acontecer com você, nossa recomendação é não desanimar.

Recomece e tente de novo. Na maioria das vezes, adotar novos hábitos é apenas uma questão de persistência, mesmo nos dias em que você não consegue seguir o cronograma. Mas lembre-se: amanhã é outro dia para tentar mais uma vez!

O minimalismo pode ser adotado como um estilo de vida e levar anos para que você realmente viva apenas com o essencial. Mas não foque isso. Mais importante do que bater no peito e dizer agora eu sou minimalista é desfrutar desse processo de mudança de personalidade.

Ele precisa ser, sobretudo, prazeroso. A limpeza deve ser externa e interna ao mesmo tempo. Não adianta você se livrar do que tem se continuar com o sentimento de apego e consumismo (você vai acumular tudo de novo). Então, vá com calma e aproveite cada etapa.

O que você acha da vida minimalista? Já pensou em adotar esse estilo e liberar mais tempo e espaço para o que realmente importa? Então, comece se livrando daquelas dívidas que só dão dor de cabeça e zero felicidade! 

Fonte: Eu em dia

Fonte: Flowing