• 15 setembro, 2022

Tipos De Terapia

Depois que você decide fazer terapia, a primeira pergunta que surge é: com quem eu vou fazer a consulta? Uma breve pesquisa na internet mostra vários nomes complicados, explicações confusas e vários termos que parecem feitos para te afastar da terapia. Por isso, preparamos um guia rápido, simples e certeiro dos principais tipos de terapia. Assim, você começa a cuidar da sua saúde mental da melhor forma possível.

1. Psicanálise

A psicanálise é uma das formas mais antigas de terapia e foi criada originalmente por Sigmund Freud. É uma terapia baseada na conversa que tem como meta trazer pensamentos e sentimentos do inconsciente para o consciente. É um dos tipos de terapia mais comuns.

Algumas técnicas muito específicas são usadas na psicanálise, como associação livre de palavras (o psicanalista fala uma palavra e o paciente responde a primeira coisa que vem à cabeça), cujas respostas serão analisadas pelo profissional. A análise dos sonhos também é uma técnica explorada pela psicanálise.

a. Freud

A psicanálise freudiana pura é raramente usada hoje em dia; justamente por ter sido o primeiro a explorar essas técnicas, muitos dos estudos de Freud se mostraram incompletos. Psicanalistas atuais utilizam conceitos e práticas de vários psicanalistas que seguiram e atualizaram as técnicas freudianas. Foi Freud, no início do século XX, que começou a desenvolver a noção do inconsciente e aplicar sessões de terapia. Nelas, os pacientes falam e o terapeuta escuta e guia minimamente a conversa.

b. Melanie Klein

Seguidora de Freud, Melanie Klein foi uma das mais importantes psicanalistas da história. Ela desenvolveu vários conceitos de Freud, mas também explorou caminhos próprios, como no trabalho com crianças e no aprofundamento de ideias como o brincar e a pulsão de morte, um conceito originalmente de Freud.

c. Lacan

Um dos mais importantes discípulos de Freud foi Jacques Lacan. Para ele, a psicanálise é uma prática para chegar acessar as camadas mais profundas de cada indivíduo, especialmente por meio da livre associação. Durante a conversa, o/a psicoterapeuta tenta acessar o inconsciente da pessoa através das piadas, atos falhos (equívoco na fala, na memória, em uma atuação física), e interpretações de sonhos. O tempo da sessão é variável e depende do tempo lógico, ou seja, do tempo que o próprio paciente demanda, o que pode resultar em sessões curtas de quinze minutos, por exemplo.

2. Junguiana

A terapia Jungiana, também chamada de psicologia analítica, foi concebida pelo psiquiatra Carl Jung, no começo do século XX. Jung era um discípulo de Freud, mas se distanciou de seu professor e criou uma teoria própria. Jung desenvolveu vários conceitos, como o inconsciente coletivo e também era muito preocupado com a análise de sonhos. Juntamente com a freudiana, é um dos tipos de terapia mais antigos.

Esse tipo de terapia, assim como a linha psicanalítica de Freud, é baseada na fala. O paciente pode falar do que quiser e da maneira como quiser – o papel do terapeuta é mais ativo, e ele tenta compreender simbolicamente o que o paciente quer dizer. Isso significa que o terapeuta junguiano tenta observar para além dos significados óbvios do que o paciente está dizendo.

Outras estratégias que podem ser utilizadas por terapeutas junguianos são experiências criativas, através de arte, música ou movimento, para encorajar expressão e libertar a imaginação. Assim como os psicanalistas, os terapeutas da linha junguiana podem se valer de associação livre de palavras.

3. Terapia Cognitivo-Comportamental

A Terapia Cognitivo-Comportamental é um tipo muito comum de psicoterapia. Apesar da terapia também ser baseada em fala, ela é bastante diferente da psicanálise por alguns motivos. A TCC, como também é chamada, costuma focar em problemas específicos e tem uma abordagem mais objetiva.

A TCC foca em modificar comportamentos e pensamentos considerados disfuncionais, através de uma investigação e posteriormente uma abordagem das crenças irracionais e negativas do indivíduo. Esse tipo de terapia acredita que os pensamentos influenciam os sentimentos e emoções, o que por sua vez, gera um impacto nas nossas ações. A ideia então é abordar esses pensamentos primários. Ao longo do processo, o terapeuta pode sugerir atividades para aplicar no dia-a-dia, com o objetivo de corrigir esses comportamentos percebidos como negativos.

Diferente da psicanálise ou da terapia junguiana, esse é um dos tipos de terapia que foca nas origens dos problemas e nos processos inconscientes de cada pessoa, a Terapia Cognitivo-Comportamental tenta identificar problemas e empregar estratégias para mudá-los. Por ser mais objetiva, geralmente a TCC é mais curta, com impacto imediato, e é mais fácil de medir sua eficácia.

4. Análise do Comportamento

A análise do comportamento é uma forma de psicoterapia que se constrói a partir do behaviorismo. Para essa linha, o mais importante aspecto de se analisar é o comportamento. Diferentemente da abordagem da TCC, que procura entender quais pensamentos negativos estão surgindo das suas crenças mais profundas, o behaviorismo procura identificar os padrões de comportamento.

Esse tipo de psicoterapia acredita que os comportamentos surgem a partir dos reforços que o ambiente fornece. Ou seja, o behaviorismo vai buscar entender o seu condicionamento – como o acontecimentos do seu ambiente moldaram a sua maneira de viver.

A abordagem proposta, portanto, para mudar comportamentos negativos, é entender e identificar esses padrões de comportamento e tentar desenvolver respostas mais adaptadas e saudáveis aos estímulos externos. É um dos tipos de terapia que difere da psicanálise.

7. Gestalt-terapia

A terapia Gestalt é uma terapia que surge da linha de estudos na psicologia do mesmo nada. O termo Gestalt significa que o todo é diferente que a soma das partes – nesse sentido, é uma terapia que enfatiza a percepção, e como nós damos atenção e provemos significado nas nossas experiências.

Diferente das terapias mais tradicionais, a Gestalt possui abordagens alternativas; ao invés de simplesmente conversar sobre os sentimentos, ela sugere trazer as emoções e experiências para o presente através de diversas técnicas. Por exemplo, ela propõe que o paciente interprete as experiências do passado ao invés de simplesmente falar sobre elas. Outra abordagem clássica da Gestalt, por exemplo, é a técnica da cadeira vazia, na qual o paciente conversa com uma cadeira vazia imaginando que nela está uma outra pessoa ou uma parte de si mesmo.

A ênfase na Gestalt é no contexto e no presente – a proposta é que o cliente perceba seus próprios padrões de pensamento e comportamento através dessas diversas atividades.

8. Psicodrama

O psicodrama é uma técnica de terapia, geralmente em grupo, cuja principal característica é a dramatização. O método foi criado pelo  médico romeno Jacob Levy Moreno no século XX. O desenvolvimento do psicodrama foi um grande rompimento com outras técnicas de terapia, e foge completamente dos tipos de terapia tradicionais de configurado por um médico e um paciente sentados conversando.

Em uma sessão, o processo de dramatização (individual ou grupal) ocorre a partir do convite do terapeuta – a ideia é trazer os conflitos interiores para o momento presente, e, que através da ação, seja realizada uma investigação do protagonista posto ali.

Sendo uma intersecção entre o teatro e a psicologia, o psicodrama é bastante inovador. A livre expressão de medos, inquietações e angústias que é permitida e incentivada na prática do psicodrama é bastante valiosa para o desenvolvimento terapêutico, e várias técnicas desse tipo de abordagem podem ser usadas em outros âmbitos da terapia.

9. EMDR

A terapia EMDR (sigla em inglês para Eye Movement Desensitization and Reprocessing, ou seja, Desensitização e Reprocessamento a partir de Movimentos Oculares) é uma modalidade relativamente nova de terapia, criada pela doutora Francine Shapiro entre os anos 1980 e 1990.

A técnica, como o nome sugere, surgiu como uma terapia que, a partir de movimentos oculares, juntamente com o atendimento terapêutico, se propunha a reprocessar memórias antigas e traumáticas. Hoje em dia, não somente estímulos visuais são usados, mas também estímulos bilaterais táteis e auditivos.

Originalmente usada para tratar estresse pós-traumático, a terapia EMDR atualmente pode lidar com uma diversidade de demandas, que geralmente são bastante pontuais. A proposta é que, através de um número pequeno de sessões, o problema esteja resolvido.

Como escolher

A escolha de qual profissional buscar é muito pessoal e pode ser influenciada por muitos elementos, como distância do consultório, valor da consulta, indicação de conhecidos. A linha que o profissional segue também deve ser levada em consideração, mas, no fim das contas, não existe uma resposta certa: o ideal é procurar uma profissional com a qual você se sinta confortável.

Além disso, é normal que ao longo da vida, as pessoas mudem de terapeuta e inclusive de linha, pois cada abordagem foca em alguns aspectos específicos do indivíduo. Portanto, não sinta que você está abrindo mão de várias abordagens ao escolher uma. É possível transitar entre várias delas – e muitos profissionais fazem isso organicamente, “emprestando” técnicas de outras linhas teóricas dentro da sua própria.

O mais importante é começar a terapia e se ater a ela. Hoje em dia existem várias opções, que podem se adaptar à sua situação. Procure testar algum serviço e se ater a ele por um tempo, e, caso fique insatisfeito, não desista e busque outro tipo de terapia – com certeza você vai achar uma solução que vai te trazer muitos benefícios.

Fonte: Vitalk

Fonte: Flowing