Saúde mental

Saúde mental

Muito mais do que a ausência de doenças, a saúde mental é o que torna a vida agradável, satisfatória e produtiva, tanto individual quanto socialmente, promovendo a capacidade do indivíduo de se adaptar às mudanças e de lidar de forma adequada com as adversidades do cotidiano.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que não existe uma definição oficial para saúde mental, mas sugere que os transtornos mentais são alterações do modo de pensar e/ou do humor associadas a um quadro de angústia, prejudicando o indivíduo nos âmbitos pessoal, social, profissional e familiar.

Destaca-se ainda que além de todo o ônus emocional e, muitas vezes, físico, esses transtornos têm também importantes repercussões econômicas, sendo a terceira causa de longos afastamentos do trabalho por doença no país.

Existem vários tipos de doenças mentais, que podem variar desde quadros leves e transitórios, até condições graves. Entre as mulheres são mais comuns os transtornos de ansiedade e os depressivos, enquanto na população masculina, a dependência de álcool constitui o problema mais importante.

Transtornos depressivos

Em 2011, um estudo vinculado à OMS mostrou que o Brasil é um dos países com a maior prevalência de depressão, atingindo mais de 10% da população no período de um ano.

É importante que as depressões sejam consideradas verdadeiramente como uma doença, devido ao sofrimento que acarretam e às consequências, muitas vezes graves, que podem ocasionar problemas familiares, isolamento social, abandono de emprego, separações conjugais, abuso de medicamentos e drogas, entre outros.

Os principais sintomas que caracterizam a doença são: alterações no estado de humor, sensação de tristeza profunda e persistente, perda do interesse e prazer pelas atividades do dia-a-dia, fadiga ou cansaço intenso, irritabilidade, desânimo na maior parte do tempo, sentimentos de culpa, diminuição da autoestima, alterações no sono e no apetite, dificuldade de concentração e pessimismo em relação ao futuro.

Na depressão, esses sintomas, normalmente, não são desencadeados por um acontecimento específico. Nos casos mais leves, o tratamento do transtorno depressivo pode ser realizado apenas com o acompanhamento psicoterápico.

Já em casos moderados ou graves, geralmente é necessário também associar à psicoterapia o uso de medicamentos, sempre com acompanhamento médico. É importante lembrar que a depressão é uma doença séria, mas que pode ser tratada com sucesso.

Ansiedade

A ansiedade não é um problema, mas uma reação normal do nosso organismo a algum tipo de estressor externo. É normal sentirmos ansiedade diante de situações novas, incomuns ou que nos causam apreensão, como uma prova ou uma apresentação na frente de uma plateia. Entretanto, transforma-se em transtorno quando provoca uma preocupação excessiva e desproporcional à realidade, torna-se persistente e de difícil controle e afeta o funcionamento social e profissional da pessoa afetada, causando sofrimento e prejuízo à qualidade de vida.

O transtorno de ansiedade é mais comum nas mulheres e seus principais sintomas são: expectativa apreensiva, irritabilidade, inquietude, tensão e dor muscular, fadiga, alterações do sono, problemas gastrointestinais, dor de cabeça, palpitações e sudorese excessiva, entre outros. O tratamento para os distúrbios de ansiedade deve ser individualizado e incluem psicoterapia e uso de medicamentos, quando necessário

Transtorno do pânico – uma forma específica de ansiedade

Relacionados à distorção da autoimagem, os transtornos alimentares consistem em distúrbios psiquiátricos graves, caracterizados por uma preocupação exagerada com o peso e a forma corporal. Essas doenças, que acometem principalmente mulheres jovens, são muito graves, podendo levar à morte, se não diagnosticadas e tratadas adequadamente.

Anorexia

Caracterizada por um quadro de recusa alimentar, a anorexia leva a uma perda exagerada de peso em um curto espaço de tempo, associada especialmente a uma autoimagem distorcida, pois apesar de extremamente magros, os anoréxicos se julgam com excesso de peso. Os indivíduos com esse transtorno apresentam inúmeras justificativas para não se alimentarem e, geralmente, também se exercitam em excesso. Se não for diagnosticada rapidamente, a anorexia pode levar a um grau extremo de desnutrição, com risco importante à saúde.

Bulimia nervosa

Diferentemente da anorexia, na bulimia ocorre uma ingestão exagerada de alimentos em curtos períodos de tempo seguida de comportamentos purgativos, como indução do vômito ou uso de laxantes e diuréticos, para evitar o ganho de peso.

Na bulimia, nem sempre o indivíduo tem aparência emagrecida, podendo até apresentar sobrepeso ou obesidade. O tratamento da anorexia e da bulimia depende da gravidade do quadro e baseia-se na reeducação alimentar, no tratamento psicoterápico e medicamentoso, quando necessário.

Indivíduos com anorexia e grau importante de desnutrição, em geral, precisam ser internados em hospitais para recuperação nutricional.

Transtornos relacionados ao uso de álcool e drogas

Uso de álcool

Segundo a OMS, 4% das mortes no mundo estão relacionadas ao uso abusivo de álcool e suas consequências. No Brasil, cerca de 10% da população adulta é dependente de álcool. O álcool produz diversos efeitos no organismo, caracterizados por uma fase estimulante e outra depressora.

Nos primeiros momentos após a ingestão, podem aparecer euforia, desinibição e maior facilidade para falar. Com o passar do tempo, os efeitos depressores, como falta de coordenação motora, descontrole, mal-estar, dor de cabeça e sono, começam a surgir.

Em longo prazo e em doses abusivas, o álcool pode levar a doenças no fígado, no aparelho digestivo, no sistema cardiovascular, neurológico, entre outros.

Alguns sintomas servem de alerta para um estado de dependência da substância:

• a necessidade de beber doses cada vez maiores para obter os efeitos desejados, o aumento da importância do álcool na vida diária,
• um desejo muito grande de beber associado a um descontrole em relação a quando parar e o aparecimento de sintomas desagradáveis após ficar algumas horas sem beber (síndrome de abstinência).

Uso de drogas

Qualquer padrão de uso de substâncias psicoativas pode levar a consequências graves ao indivíduo. Os efeitos produzidos pelo uso ou abuso dessas substâncias dependem de vários fatores, como tipo e quantidade de droga utilizada, via de administração da substância, características da personalidade do usuário e de seu metabolismo. O tratamento adequado é extremamente importante, com papel de destaque para as psicoterapias.

Transtornos mentais nos idosos

Os transtornos mentais são problemas de saúde comuns nessa população e devem receber atenção especial. Estudos mostram que até um terço dos idosos apresentam alguma doença mental.

Vários fatores contribuem para o desenvolvimento de transtornos mentais na terceira idade, como a presença de doenças crônicas e de limitações, a perda da autonomia, isolamento e desmerecimento social, ocorrência mais frequente de perdas de pessoas próximas, entre outros.

Dentre os transtornos mais frequentes estão a depressão, a demência e os quadros de ansiedade.

A depressão no idoso é, muitas vezes, erroneamente considerada como uma consequência normal do envelhecimento. Além da perda de interesse pelas atividades habituais e do sentimento de tristeza, os sintomas de depressão no idoso podem aparecer de formas variadas, como queixas de cansaço e perda de energia, alterações no sono e no apetite, dificuldade de concentração, dores no corpo, entre outros.

Já a demência, caracteriza-se por declínio cognitivo, com alterações na memória, na linguagem e na capacidade de se orientar, progressiva dependência e incapacidade até a necessidade de cuidados contínuos.

Outros transtornos mentais relevantes na terceira idade são o alcoolismo, os transtornos mentais provocados por outras doenças orgânicas e a dependência de medicamentos sedativos.

O uso desses últimos requer muito cuidado na terceira idade, já que esse grupo, geralmente, é mais sensível aos efeitos adversos.

FONTE: Juntos pela Saúde