• 17 agosto, 2022

Por que nós procrastinamos? Uma dica infalível para melhorar

Todos nós sabemos o que é procrastinar. Pelo menos uma vez, todo mundo já deixou para depois tarefas importantes, e ao invés delas, se ocupou com atividades menos urgentes – limpar a mesa, organizar a casa, fazer a unha, praticar um exercício. O problema não são as atividades (ei, praticar exercícios é ótimo!), mas sim, adiar tarefas importantes – muitas vezes com prazo e avaliação. Vamos entender então: por que nós procrastinamos?



Procrastinação é exatamente isso: executar algum afazer menos urgente e mais prazeroso no lugar de um mais urgente e menos prazeroso. Para um comportamento ser categorizado como procrastinação, ele deve ser contraprodutivo, desnecessário e gerar atraso em coisas mais importantes.  Vamos entender então por que nós procrastinamos.

É comum pensar fazer tarefas na última hora tem a ver com problemas de gerenciamento de tempo, mas a origem da procrastinação não é essa. Também não tem a ver com preguiça e nem diretamente com auto controle. Na verdade, procrastinar tem a ver com emoções. Mas antes de entender melhor isso, vamos explorar o que acontece no cérebro quando alguém procrastina.


O cérebro procrastinador

A biologia do que acontece no cérebro que está procrastinando é basicamente o embate entre duas partes do cérebro: o sistema límbico e o córtex pré-frontal. O sistema límbico é uma parte do cérebro mais antiga e bem desenvolvida. Nela ocorrem os processo inconscientes, como por exemplo, os centros de prazer. Já o córtex pré-frontal é uma parte bem mais nova na história do desenvolvimento do cérebro. É uma parcela consciente que lida com a tomada de decisões – é um dos sistemas que diferencia humanos de outros animais.

O sistema límbico, mais antigo e inconsciente, está sempre ligado no automático. Ele é o motivo pelo qual você tira a mão quando encosta em uma superfície muito quente – e também porque você evita situações desagradáveis. É seu sistema de sobrevivência imediato. O córtex pré-frontal, por outro lado, não funciona assim. É necessário se engajar ativa e conscientemente em uma tarefa para que essa parte do cérebro entre na jogada – se não, o sistema límbico ganha. E a diferença dos dois faz parte do porque nós procrastinamos.

É nesse embate que acontece a procrastinação: o sistema límbico, querendo evitar sensações ruins que uma determinada tarefa pode ocasionar, entra em conflito com o córtex pré-frontal, que sabe que a tal tarefa tem que ser feito. Muitas vezes, o sistema límbico, mais antigo e desenvolvido, leva a melhor.


O que manda são as emoções

O que está acontecendo, portanto, não é o cérebro evitar a tarefa em si, e sim, as emoções que vem junto com ela. Seja um medo irracional de ser incapaz de realizar algo, ou o medo de ser bem sucedido e depois cobrado; a falta de autoconfiança e o receio do que aquela tarefa pode acarretar; o que está acontecendo no cérebro de um procrastinador é uma grande luta para evitar sentimentos negativos agora. Essa é a raiz de porque nós procrastinamos.

Procrastinação é a primazia da reparação de um humor de curto prazo sobre uma busca de longo prazo de objetivos definidos.

Existe uma parte do cérebro mais específica ainda que está relacionada com esse mecanismo: a amígdala, que faz parte do sistema límbico. Essa é a porção do cérebro responsável por detectar ameaças . E é acionada em potenciais momentos de stress, como diante de uma tarefa que nos deixa ansiosos ou inseguros.

Uma pesquisa descobriu que, em cérebros de pessoas mais procrastinadoras, a amígdala é maior. Por isso, reage mais fortemente a situações como se elas fossem ameaças – e prevê um maior desconforto. Além disso, a pesquisa também encontrou uma conexão mais fraca entre a amígdala e o córtex anterior cingulado dorsal em pessoas procrastinadoras. Essa conexão ajuda a pessoa a se manter focada ao bloquear emoções e distrações.


Procrastinação e impulsividade

Agora que entendemos melhor o que está acontecendo no cérebro procrastinador, podemos analisar de maneira correta as causas subjetivas da procrastinação. Como já vimos, a procrastinação tem a ver com a tentativa de evitar emoções negativas – e também com a tendência a enxergar as coisas piores do que elas são. E isso se relaciona diretamente com um outro fator da personalidade: a impulsividade.

Quando emoções negativas estão relacionadas com uma tarefa, procrastinadores procuram impulsivamente distrações para sobrepor essas emoções negativas. Dessa maneira, existe uma conexão direta entre procrastinar e agir por impulso.

Uma pesquisa feita com gêmeos tanto fraternais como univitelinos se propôs a mapear a habilidade de gerenciar objetivos. Os cientistas descobriram que tanto procrastinação quanto impulsividade são herdáveis 50% das vezes, e também que existe uma correlação perfeita entre um e outro – se alguém herdou uma dessas características, quase com certeza terá herdado também a outra.

Em resumo, a dificuldade de gerenciar tarefas – pela necessidade de evitar as reações negativas com as quais elas se relacionam – está ligada diretamente ao comportamento impulsivo de buscar distrações; e é isso que explica porque nós procrastinamos.


De grão em grão…

Entendendo melhor porque nós procrastinamos, fica mais fácil descobrir quais estratégias podem funcionar para melhorar o comportamento. Em primeiro lugar, é legal saber que estudos comprovam que a meditação de atenção plena pode, além de vários outros benefícios, desinchar a amígdala e estimular o córtex pré-frontal, o que pode ajudar, biologicamente, a lidar com a procrastinação.

Além disso, existem vários métodos que podem ser aplicados para “hackear” nosso subconsciente e lutar contra a procrastinação. Um das maneiras mais eficazes de fazer isso é quebrando grandes tarefas em pequenos afazeres. 

Dessa maneira, não existe uma pressão tão grande a respeito da tarefa. Por ser menor, ela é mais fácil e rápida de ser realizada, e não aparenta, na nossa percepção, ter muitas consequências negativas. Além disso, pelo término dessa atividade ser mais rápida, existe uma sensação de dever cumprido e de completude que ajuda a continuar completando tarefas.

Portanto, da próxima vez que você se pegar procrastinando uma grande tarefa, se pergunte como você pode quebrar essa obrigação em coisinhas menores; com certeza, você vai sentir menos vontade de ir arrumar a mesa ao invés de resolver o problema.

Fonte: Vitalk

Fonte: Flowing