• 11 dezembro, 2021

Ômicron: o que se sabe sobre eficácia das vacinas contra a variante

As pesquisas preliminares sobre o comportamento das vacinas diante da ômicron trazem boas e más notícias: a nova variante do coronavírus parece ter mais capacidade de escapar da imunização, mas até o momento os dados indicam que os imunizantes ainda protegem em grande medida contra eventuais casos graves de covid-19.

Além disso, quem já teve a oportunidade de tomar a dose de reforço parece estar mais bem protegido contra o vírus, inclusive contra a nova variante.

A ômicron causa preocupação porque tem um número muito maior de mutações do que as variantes anteriores do coronavírus.

Na quarta-feira (8/12), as empresas Pfizer e BioNTech apresentaram dados próprios, ainda preliminares, indicando que a proteção da vacina de fato cai drasticamente diante da nova variante.

No entanto, dizem, a dose de reforço do imunizante aumentaria consideravelmente a defesa do sistema imunológico contra a ômicron.

“Plasma de indivíduos que receberam duas doses da vacina atual contra covid-19 teve, em média, uma redução de mais de 25 vezes na neutralização contra a ômicron em comparação (com as formas anteriores do vírus), indicando que duas doses (da Pfizer) podem não ser suficientes para proteger contra a infecção da ômicron”, afirma comunicado das empresas — ressaltando, porém, que “indivíduos vacinados ainda parecem estar protegidos contra as formas mais graves da doença”.

A aparente boa notícia é que a dose de reforço da Pfizer faria recuperar essa proteção.

“Segundo dados preliminares, a terceira dose provê um nível parecido de anticorpos neutralizantes contra a ômicron do que as duas doses contra (as demais formas do vírus)”, além de manter a proteção contra formas mais graves da covid-19, ainda segundo as duas fabricantes.

As empresas acrescentaram que estão desenvolvendo uma vacina específica contra a variante ômicron, a ser entregue em até cem dias, dependendo de aprovação de órgãos reguladores.

Estudo na África do Sul
Na terça-feira, um pequeno estudo ainda em fase pré-print (ou seja, não revisado por outros cientistas) realizado na África do Sul — onde a Ômicron foi identificada e tem avançado rapidamente — chegou a conclusões que apontam na mesma direção.

A partir da análise dos anticorpos de 12 pessoas que receberam a vacina da Pfizer (sendo que metade delas havia sido também previamente infectada pelo coronavírus e a outra metade, não), os pesquisadores notaram que os anticorpos produzidos pelas pessoas eram muito menos eficientes em impedir a infecção contra a ômicron.

No entanto, a percepção do autor do estudo, Alex Sigal, virologista do Instituto de Pesquisa em Saúde na África em Durban, é de que “embora eu ache que vai haver muita infecção, não tenho certeza de que isso vai se traduzir em sistemas (de saúde) colapsando”, disse ele ao The New York Times. “Minha suspeita é de que conseguiremos ter (a situação) sob controle.”

A boa notícia, aqui, é que o virologista temia inicialmente que, diante de um vírus tão mutado, as vacinas se provassem totalmente ineficazes — mas isso não aconteceu.

Sigal acrescentou que ainda será necessário estudar melhor os efeitos de doses de reforço das vacinas, mas sua suspeita é de que “quanto mais anticorpos você tiver, melhor você vai se sair” contra a nova variante.

Além disso, vale lembrar que as vacinas desencadeiam uma reação imune que vai muito além da produção de anticorpos — reação esta que não é mensurada pelos estudos listados aqui.

“As vacinas ainda têm alta probabilidade de proteger a maioria das pessoas contra formas graves da doença porque treinam muito mais o sistema imunológico do que para a produção de anticorpos neutralizantes”, explica o repórter da BBC especialista em ciência e saúde James Gallagher. “As células T, que agem diante de uma infecção, são melhores em lidar com variantes uma vez que atacam diferentes partes do vírus”.

“O que é importante enfatizarmos aqui é que a imunidade não se perde”, disse, no Twitter, a imunologista Letícia Sarturi, ao comentar os dados de que a ômicron parece escapar mais da imunização.

Fonte: BBC

Fonte: Flowing