• 9 fevereiro, 2025

O que é o ciúme retroativo? Saiba como superar o passado

É normal não gostar muito de imaginar o parceiro afetivo com seus companheiros do passado. Porém, quando o sentimento foge do controle e se torna uma obsessão, o chamamos de ciúme retroativo. Essa desconfiança não adiciona nada de positivo ao relacionamento e, se não trabalhada, pode desencadear uma relação abusiva.

Você sente que vive uma tormenta, assombrado pelo fantasma da ex-namorada ou do ex-marido do seu atual parceiro romântico? Pensa que, a qualquer hora, pode ser abandonado por não ter as mesmas características desse ex? Então, continue comigo, pois é sobre isso que falarei aqui!

O que é ciúme retroativo?

O ciúme retroativo (ou retrospectivo) é aquele em que a pessoa se sente constantemente incomodada pelo passado amoroso e sexual do seu parceiro. Também é conhecido como Síndrome de Rebecca, fazendo alusão a um filme de Alfred Hitchcock inspirado no romance “Rebecca, a Mulher Inesquecível”, de Daphne du Maurier, cujo fantasma da paixão do primeiro casamento assombra a vida de um viúvo e sua nova esposa.

Muita gente costuma romantizar o ciúme, dizendo que é um sinal de amor. Porém, trata-se de uma emoção negativa, já que tem suas bases na insegurança e na baixa autoestima, além de ser nutrida pela desconfiança e pelo medo.

Em todas as manifestações de ciúme, existe um sofrimento de antecipação por um acontecimento hipotético que, na grande maioria das vezes, está ligado à interpretação equivocada dos sinais e à distorção da realidade. Todo ciúme, quando excessivo, envenena e prejudica a relação. Contudo, o ciúme retroativo é bastante destrutivo, pois o problema não pode ser solucionado — ele não está no presente, mas sim no passado.

Entre as inúmeras razões para esse tipo de emoção corroer um relacionamento, está o fato de que o ciumento passa mais tempo perguntando e investigando qualquer coisa sobre o ex do seu par do que efetivamente investindo na relação. O romance, que em acordo mútuo era para ser a dois, passa a ser a três.

Quais são os efeitos desse sentimento?

Como eu mencionei, as bases de qualquer tipo de ciúme são a insegurança e a baixa autoestima. Quem sente o ciúme retroativo imagina (e toma como verdade) que o seu companheiro foi mais feliz no passado do que é atualmente, ao seu lado. Nessa crença, a tormenta é considerar que você jamais conseguirá corresponder às expectativas do seu parceiro.

Existe uma idealização do ex-marido, da ex-namorada etc., e a comparação com ele(a) tende a minar mais ainda a autoestima de quem sofre. O sentimento pode se intensificar, dependendo do quão profunda ou duradoura foi a relação anterior do companheiro (se tem filhos, se o término foi amigável) e do motivo para o fim (se foi por distância física, por exemplo, em vez de conflitos inerentes ao relacionamento).

Entretanto, não é somente o ciumento que sofre. Nessa situação, ele passa a ter comportamentos manipuladores e controladores, e ninguém consegue viver muito tempo com restrições de liberdade, não é mesmo? A obsessão por detalhes do antigo relacionamento (como qual era a opinião da família, o que faziam juntos, se sente saudade, do que o ex gostava, como era o sexo etc.) acaba por desgastar o cotidiano do casal.

O pior é que, mesmo que o companheiro responda às perguntas do ciumento, este não acredita e inferniza a vida de quem está ao seu lado. Nos casos mais graves, a situação se configura como um relacionamento abusivo.

Muitas vezes, a relação termina não por falta de amor, mas por causa dessa toxicidade. Esse ciúme intenso pode ser gatilho para a agressividade, já que a raiva anda de mãos dadas com esse sentimento.

No fim das contas, tanto questionamento e tanta desconfiança sufocam o parceiro de tal forma que o maior medo do ciumento acaba por acontecer: a separação e o fim da exclusividade.

Como lidar com o ciúme retroativo?

“Ok, Vanessa, entendi o ponto, mas como posso superar o passado do(a) meu (minha) companheiro(a)?”. Separei alguns conselhos para você, veja só.

Coloque-se no lugar do seu companheiro

Tente se colocar no lugar do seu par. Como você ficaria se tivesse alguém sempre na espreita, controlando seus atos e fazendo mil perguntas sobre um momento da vida do qual, talvez, você nem queira se lembrar?

Outra coisa: já parou para pensar que você pode fazer o ex-parceiro ser mais presente na vida do seu companheiro do que realmente é (ou do que o seu companheiro gostaria que fosse)? Talvez a memória só continue viva por que há sempre alguém a trazendo à tona de novo e de novo.

Tenha uma conversa franca

Um relacionamento só funciona e cresce quando há transparência e sinceridade entre os envolvidos. Então, respire fundo e abra o seu coração para o seu par. Conte para ele como você se sente e explique o porquê das suas atitudes. Você vai se surpreender com o quão útil é colocar tudo isso em palavras, especialmente em um relacionamento.

Mas lembre-se: explicar não é justificar. O seu sentimento é válido, mas o que você faz com ele é responsabilidade sua. Assim, saiba escutar verdadeiramente o seu parceiro também. Juntos, e aos poucos, vocês estabelecem a confiança e encontram formas de amenizar o ciúme.

Reconheça que o passado não pode ser mudado

Não podemos voltar no tempo, não há como apagar o passado. Digo isso para você perceber que as discussões sobre os relacionamentos anteriores do seu parceiro não têm fim, já que nada desfaz o que ele viveu.

Aliás, todas as pessoas são resultado das suas experiências de vida. Muitas dessas vivências podem, inclusive, ter unido vocês dois. Lembre-se de que tanto você quanto o seu companheiro existiam antes de se conhecerem e que cada um teve encontros e desencontros ao longo do caminho. Isso não vai mudar.

Fuja das investigações nas redes sociais

Você é do tipo que se orgulha por ser um bom stalker e descobrir muita coisa investigando as redes sociais? Fuja dessa atitude! Quanto mais você persegue, mais você se machuca. E com invasões constantes de espaço ou tentativas forçadas de estar presente em todos os momentos da vida do parceiro, inclusive nas mídias digitais, maiores são as chances de atrito entre vocês.

Se o impulso de verificar tudo o que seu par faz for muito grande, então pode ser melhor se distanciar das redes sociais por um tempo, pelo menos até você conseguir lidar com seu ciúme retroativo. E, acima de tudo, não tente entrar no perfil do seu parceiro. Independentemente do contexto, com ou sem permissão, isso será uma invasão de privacidade.

Não se compare aos outros

Não se deixe levar pela ilusão do mundo-cor-de-rosa, aquele que as redes sociais induzem a gente a pensar que existe. Tudo aquilo aparece sob um grande filtro, que tira as partes ruins e até as mais “normais” do dia a dia de um relacionamento. Tudo o que passa são os momentos mais mágicos e aqueles feitos especificamente para manter as aparências.

Uma foto alegre, um comentário carinhoso, uma manifestação pública de afeto sempre fazem com que acreditemos que a relação dos outros é perfeita — e, ao ceder a esse impulso, você aumenta a crença de que não é uma pessoa boa o suficiente para estar com o seu par, já que vocês têm problemas. Mesmo as famílias felizes nos comerciais de margarina ainda devem ter suas discussões à mesa de vez em quando.

Busque formas de desenvolver autoconfiança

Em vez de despender seu tempo discutindo com seu par ou stalkeando as redes sociais dele e as do ex, que tal investir em si para, então, melhorar a relação de vocês dois? Procure maneiras de desenvolver a autoconfiança e aumentar a autoestima.

Não tenha vergonha das suas emoções. Não há nada de errado em sentir o mundo da maneira como você sente. Não se minimize pelas experiências que fizeram você chegar onde está. Mas não se habitue com o sofrimento: busque alternativas para lidar com os seus alicerces.

Tenha consciência do seu ciúme

Um dos principais motivos para o ciúme ser tão nocivo para o relacionamento é que algumas pessoas nem reconhecem esse sentimento em si mesmas. Acham que é apenas um mau humor ou uma irritação com outro aspecto do relacionamento, o que deixa ainda mais difícil trabalhar essas emoções.

Entender que o que você sente é ciúme é o primeiro passo para lidar com o problema. No caso do ciúme retroativo, ele está na forma como você enxerga esse passado e em suas próprias inseguranças.

Melhore sua comunicação

Outro fator que pesa bastante na hora de lidar com o ciúme, assim como qualquer outro problema de relacionamento, é a comunicação. Nem é necessário procurar muito para encontrar alguém que não consegue se expressar claramente e, por causa disso, tem maior dificuldade para transmitir esse sentimento em uma relação amorosa.

Saber expressar o ciúme de forma mais saudável é fundamental para evitar que ele prejudique a relação. Em vez de fazer acusações ou reclamações vagas, você precisa dizer claramente o que sente e qual atitude do parceiro causa esse sentimento. Se foi uma foto antiga, uma ligação, algum comentário, o que for. Só assim seu companheiro poderá te entender.

Claro, quando terminar de falar, lembre-se também de ouvir. Escute atentamente a resposta e mantenha a mente e o coração abertos. Isso inclui aceitar tanto uma explicação quanto uma palavra de consideração. Só depois que vocês poderão conversar sobre mudanças de atitude e melhorar o futuro do casal.

Fonte: texto retirado do blog Psicologia Dockhorn
Link: https://psicologiadockhorn.com/blog/exemplos-de-pensamentos-disfuncionais/

Fonte: Flowing