• 3 abril, 2018

O dia seguinte àqueles drinques a mais

Se você bebeu mais do que devia e teve uma ressaca daquelas, pode ser boa ideia tirar uma folga e passar o dia em casa.

Pelo menos essa é a opinião de quem não teve alternativa e precisou ir trabalhar. Uma pesquisa inglesa recente mostra que 83% dos empregados sentiram que a ressaca prejudicou seu desempenho no trabalho. Desses, um em cada quatro admitiu que cometeu erros por não estar bem depois do exagero com o álcool. Um terço sentiu que estava meio “aéreo” e não conseguia desempenhar suas funções no mesmo ritmo. Dá para imaginar o risco desse efeito em profissões que exigem alto grau de concentração?

Ressaca é definida como o ponto em que a pessoa conseguiu zerar o nível de álcool no organismo. Mas é justamente nesse momento que ela pode enfrentar cansaço, dor de cabeça, vômitos, aumento da pressão arterial, irritabilidade, ansiedade e depressão. Esses efeitos são provocados por desidratação, desequilíbrio dos eletrólitos, irritação do estômago, distúrbios do sono e pelo próprio metabolismo da eliminação do álcool. Há também, possivelmente, uma alteração da ação dos neurotransmissores cerebrais, o que causaria os impactos psíquicos.

São ainda poucos os estudos com metodologia confiável que avaliam o impacto real da ressaca no desempenho profissional. O trabalho recente analisou 13 desses estudos e mostrou que a ressaca pode piorar memória, foco e administração das tarefas. Brigas com colegas, tarefas incompletas e ineficiência são outras possíveis consequências do excesso de bebida na noite anterior.

Outro estudo sugere que exagerar no álcool, mesmo que de vez em quando, pode prejudicar nossa capacidade de tomar decisões na vida, como fazer compras ou planejar uma viagem. Diferentemente do que se imaginava anteriormente, o abuso eventual de bebida, por essa hipótese, também tem impacto no processamento de informações e planejamento de tarefas – mesmo que não haja dependência. Pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, analisaram dados de mais de 36 mil pessoas maiores de 18 anos. Mais de 30% já tinham exagerado no consumo de álcool. Os maiores problemas cognitivos foram associados ao beber grande quantidade de bebida em um curto intervalo de tempo (definido como mais de quatro doses para as mulheres ou mais de cinco para os homens, em um período de duas horas).

Os dois artigos mostram que, para além dos efeitos agudos do álcool, o exagero com a bebida, mesmo que eventual, pode prejudicar nosso desempenho no trabalho e também nossas decisões cotidianas nos dias que se seguem. Que tal moderar?

FONTE: Época – Por Jairo Bouer

Fonte: Flowing