• 27 março, 2022

Individualidade: o desafio da relação a dois

Uma pesquisa do IBGE divulgada no ano passado mostrou que o número de casamentos no Brasil vem diminuindo ao longo dos últimos anos. Ao mesmo tempo, essa pesquisa mostrou um aumento no número de divórcios.

Mas engana-se quem pensa que o problema é exclusivamente dos brasileiros, alerta o especialista em relacionamentos Edemar Lamarques. Segundo ele, a dificuldade em se relacionar é geral – atinge casais jovens e os mais maduros.

A principal causa é a falta de diálogo.   “As maiores dificuldades nos casamentos têm sido a falta de conhecimento mútuo (embora pensem que se conhecem bem!); a dificuldade em “lidar” e respeitar as diferenças de cada um (individuais); e, a comunicação afetiva “deficiente”, inadequada ou inexistente.  Contudo, se não se entende o que é ou como se dá o diálogo entre cônjuges, falar sobre isto não resolve o problema e até pode aumentar a expectativa e a tensão”, explica.  

Segundo Edemar Lamarques:

 1 – O brasileiro está com dificuldades de se relacionar e manter uma relação? 

Não é apenas “o brasileiro” que está com dificuldade em manter o relacionamento matrimonial, o ser humano moderno (ou pós-moderno) está com mais dificuldades. Apenas culturas centradas em profundos valores éticos e morais, que “punem” ou penalizam os que a desobedecem, têm casamentos mais estáveis (mais duráveis, na verdade!). Não que isto seja melhor, apenas disciplina melhor a conduta social e ajuda o indivíduo a se policiar nos aspectos que têm mais dificuldades.  

 2 – Quais são as principais dificuldades que um casal enfrenta ao longo do casamento? 

As maiores dificuldades nos casamentos têm sido a falta de conhecimento mútuo (embora pensem que se conhecem bem!); a dificuldade em “lidar” e respeitar as diferenças de cada um (individuais); e, a comunicação afetiva “deficiente”, inadequada ou inexistente.   

3 – Essas dificuldades mudam com o passar dos anos?  

Sim, em alguns aspectos mudam, mas a realidade mesmo é que os casais novos têm uma dificuldade natural: sair do romance da conquista para o romance da valorização! Os mais maduros vão potencializando isto…   

4 – Você acha que falta diálogo nas relações? Como podemos explicar esse movimento? 

O diálogo é imprescindível! Contudo, se não se entende o que é ou como se dá o diálogo entre cônjuges, falar sobre isto não resolve o problema e até pode aumentar a expectativa e a tensão, consequentemente!   

5 – Quais as principais queixas das pessoas que procuram o seu atendimento? 

Os problemas mais comuns que me vêm ao conhecimento (inicialmente), são: dificuldade em lidar com as diferenças de personalidade; falta de afeto e de intimidade pessoal e sexual; e problemas financeiros.   

6 – Para muitos casais, é difícil buscar ajuda de um profissional para retomar a relação. Em que momento eles precisam tomar a decisão de procurar essa ajuda? Há algum indício na relação que mostre isso? 

Existe uma “cadeia” que leva as pessoas à crise no relacionamento, que é a separação. Mas a cadeia sempre começa na vontade de cada um: vontade “educada” e vontade viciada ou dependente das emoções.   

7 – Qual o segredo para viver uma vida a dois plena e saudável? 

Busca de orientação adequada (como o programa do Rituaali), em alguns casos com terapia de casal; procurar conhecer as reais necessidades do outro e buscar atender; sair do egoísmo e desenvolver o altruísmo – até quando o outro não valoriza o que o “generoso faz” é possível “ele mesmo” se sentir melhor! Como isto é anti natural no ser humano, cada um terá que buscar um poder maior que o seu próprio.   

8 – Essas dicas também valem para relações familiares, entre pais e filhos, ou entre irmãos? 

Com certeza! É das relações familiares precedentes que se tem o melhor ou o pior desempenho do adulto casado; quando os princípios do bom relacionamento são praticados em uma família, isto contribui para a saúde mental, psíquica e emocional de todos!   

9 – Quais os principais problemas familiares – além de casais – você atende?

 Cansaço emocional e psicológico por não ser “aceito/a”, e/ou por “não aceitar” o jeito de ser do outro; falta de valores e princípios morais e éticos (mesmo em pessoas religiosas, ligadas à fé) no relacionamento das pessoas.

 10 – A criação dos filhos interfere na forma como essa criança após adulta vai se relacionar com o outro?

O adulto que você é hoje reflete muito a educação infantil que você recebeu quando criança. Não é tudo, mas exerce grande influência. 

Fonte: Rituaali

Fonte: Flowing