• 15 março, 2020

Cultive uma excelente companhia: você mesmo!

Costumo dizer que solidão é diferente de solitude, e que a curiosidade e a alegria pela vida são frutos da autovalorização


No universo fantasioso – e delicioso – das comédias românticas, o esquema é sempre mais ou menos o mesmo. A moça (ou o rapaz) vive um problema, cai num conto do vigário, sofre um revés na sua vida e no seu namoro. Mas o destino, que em geral é malvado no início do filme, acaba revertendo a situação e o rapaz (ou a moça) termina num beijo apaixonado e a promessa de um “felizes para sempre”. Fórmula irresistível para as audiências sonhadoras.

Você já ouviu falar em solitude? Conheça esse conceito na nova coluna da Márcia Peltier e veja como ele é importante para as nossas relações sociais.

Sim, uma fantasia.

Quem já teve envolvimentos mais longos no campo do afeto, que ultrapassaram a fase da paixão, sabe que os relacionamentos requerem um trabalho dedicado, diário, delicado, incessante. 

São parte importante da vida, gratificantes, mas sua essência passa longe do algodão-doce dessa fantasia. E isso me leva a um ponto muito importante na minha maneira de ver a vida – a beleza de cultivar a solitude.

Podemos estar absolutamente sós e curtindo a nossa própria companhia.

Veja bem, não estou falando da solidão. Essa é uma distinção fundamental, que reside em nosso coração e na autoestima.

Afinal, o que é solitude?

Solitude seria a satisfação por estar em companhia de si mesmo. Podemos estar absolutamente sós e valorizarmos a nossa própria companhia. Estamos plenos de ideias, curiosidade, relaxamento, esperança.

Já a solidão pode nos abater mesmo em grupo, em família… … mesmo na multidão.

E por que essa diferença?

A diferença está dentro da gente.

O segredo é valorizar a vida interior, aproveitar para aprender e descobrir, abrir os olhos para diferentes pontos de vida, para a arte, para a filosofia. Enriquecer a vida, fortalecer o espírito.

A capacidade de dar e receber afeto depende, e muito, do cultivo da nossa vida interior.

Não pense que estou aqui advogando uma vida sem parcerias: muito pelo contrário!

Mas sei que para um relacionamento humano ser verdadeiro e gratificante, é preciso que a gente tenha primeiro um bom relacionamento com nós mesmos.

Assim, não estaremos sozinhos, mas estaremos “solo”, como se diz em música: protagonistas da nossa própria história, cantando, orgulhosos, a nossa própria canção. Escolhendo os relacionamentos por desejo e não por dependência.

Tenho amigas que viajam sozinhas – eu mesma, aliás, já viajei sozinha, andei por lugares descobrindo cada pedacinho do meu eu interior, sentindo que a minha mente e o meu coração estavam em harmonia.

Claro que um sorriso amistoso, um gesto cordial, um acenar de cabeça positivo me dava um incentivo a mais. Eles me mostravam um outro lado de pessoas desconhecidas, mas que, de alguma forma, entravam em contato comigo, pois estávamos percorrendo o mesmo caminho.

Sugiro ir a lugares de peregrinação ou de meditação e sentir o som do silêncio que habita, harmoniosamente, o nosso coração!

Enfim, é desse jeito que entendo a saúde da convivência com cônjuges, familiares, amigos, colegas: trabalhando para a alegria de estar consigo mesmo e, assim, poder dar e receber o melhor da gente, por uma opção: a de sermos felizes.

Para sempre!

FONTE: Viva a Longevidade, Márcia Peltier

Fonte: Flowing