• 26 julho, 2023

Como trabalhar a formação de caráter infantil

O que compõe toda a estrutura de caráter da criança são os hábitos. Sendo assim, para criar um modo de agir, raciocinar e socializar, é necessário o uso da repetição.

A criança absorve tudo o que vê, principalmente na primeira infância, em que ela descobre o mundo. Todo o desenvolvimento infantil depende, essencialmente, do ambiente no qual ela está evoluindo. Sendo assim, ensinar desde cedo bons hábitos faz com que esse jovem futuramente seja muito mais consciente e responsável com as suas atitudes e desenvoltura em meio à sociedade.

A formação do caráter na infância

Segundo dados de Rockey, Ron e Nancy, Chosen (Nampa, Idaho: Pacific Press Publishing Association, 2001), só nos primeiros doze meses de vida, o homem aprende metade, ou seja, 50%, de tudo que irá absorver em toda a sua vida. No período seguinte, o segundo ano, ele obtém mais 25% de todo conhecimento que guardará ao longo dos anos.

Assim, pode-se dizer que o maior peso dos atributos do agir e pensar de uma pessoa encontra-se no desenvolvimento da criança. Durante essas fases do desenvolvimento infantil, consolida-se atitudes como o modo de sentar e até mesmo a maneira que a pessoa segue a sua linha de raciocínio para tomar decisões em sua vida por exemplo.

Quando se fala em educação infantil, há muito mais além de bons colégios e amizades, o que também são considerados conceitos importantes, porém hábitos positivos são essenciais para essa construção.

O que é caráter? A Psicologia explica

Sigmund Freud, considerado o “pai da psicanálise’, foi o primeiro a observar que o caráter nada mais é do que as transformações geradas por impulsos primitivos. Então, outro austríaco, o médico, psicanalista e cientista natural, Wilhelm Reich, aprofundou o significado de caráter através da seguinte teoria:

“O caráter consiste numa mudança crônica do ego que se poderia descrever como um enrijecimento.”

O caráter do homem não é algo que se cria por escolha do próprio, ele é fruto de sua ação quando criança ao se “defender” no ambiente em que vivia. Essa defesa é na verdade a interação com o meio, ao qual ele se adaptou para se integrar, ou seja isso vem diretamente de seu lar nos primeiros anos de vida. Isso corrobora para a formação do que é considerado “bom-caráter” e “mau-caráter

A finalidade do caráter

O caráter é como um escudo para qualquer tipo de ação perigosa, seja ela oriunda de acontecimentos externos ou internos, e controla o limite entre psíquico da personalidade. Essa limitação, ou censura,  provém do que aprendemos como errado ou inválido, ou até mesmo de repressões externas aos nossos atos.

Em um adulto onde houve uma evolução equilibrada, onde o ego foi reprimido quando necessário, e gratificado quando age corretamente. Nesses indivíduos, há a presença de maior equilíbrio emocional e mental, o que acarretará em uma fase adulta de maiores chances de sucesso.

As fases do desenvolvimento de caráter psicossexual
  • Oral – de 0 a 1 ano. É o período de contato para aprender a se alimentar, tornando-se ativo quando saciamos ou sentimos fome, sede e o contato para amamentação;
  • Anal – de 1 a 3 anos. É fase de controle das funções que levam à defecação;
  • Fálica – de 3 a 5 anos. Aqui surge o famoso conceito de Freud, o complexo de Édipo. Há o início da consciência dos órgãos genitais;
  • Genital – essa é a famosa puberdade. Nessa fase, o ego ganha mais estrutura e ocorrem as mudanças no corpo.

A teoria do psicanalista Reich ainda afirma as seguintes possibilidades que compõem a estruturação de caráter de uma pessoa:

  • A fase na qual a pulsão é frustrada;
  • A frequência e a intensidade das frustrações;
  • As pulsões contra as quais a frustração é dirigida;
  • A correlação entre permissão e frustração;
  •  O sexo do principal responsável pela frustração;
  • As contradições nas próprias frustrações. – REICH, 1989, PG. 156.
Entendendo os hábitos positivos
  • A importância do amor e carinho: Esses sentimentos não englobam  somente a forma de tratar a criança, mas sim o que envolve todo o ambiente. No período infantil, o cérebro absorve tudo o que sente e vê como uma esponjinha, e toma aquilo (às vezes até de forma inconsciente) como verdadeiro. Portanto, se a criança vê com frequência a falta de educação entre os pais e grosserias, ela será futuramente um espelho desse comportamento.
  • Momento de corrigir e momento  de brincar: pais não são amigos, são educadores. Entender seu filho, escutá-lo e fazer parte de seu dia a dia, não significa amizade. A criança deve ver seus pais como pessoas que servem de exemplo e que são os melhores conselheiros, porém não passarão a mão em sua cabeça quando for preciso um castigo. Por outro lado, é de extrema importância a atenção, e consideração com os momentos de lazer e brincadeiras. Relaxar faz parte de aprender e a presença dos responsáveis nesses períodos cria um forte elo entre a família.
  • Rotina e respeito: uma das formas de se aprender mais facilmente é por meio da repetição de conceitos e atividades. Criar um cronograma de ações que alterna aprendizado, educação e lazer é uma das maneiras mais eficientes de se educar um filho.
  • Aprender a cooperar: fazer parte da rotina e trabalhos de casa não é exploração quando for feito na medida certa. Embora a criança atrapalhe a eficiência do processo, permitir que ela participe da organização do lar, por exemplo, faz com que ela absorva maneiras de aprender a conviver em sociedade e ser cooperativa.
  • Ser honesto e justo: sabe aquela borrachinha do amigo que ele usou emprestado durante a aula e esqueceu no estojo? Então, ela deverá ser devolvida. Não é dele, e a criança deve aprender isso desde cedo.

Resumindo, considera-se um caráter adequado aquele que não recebeu bloqueios em seu desenvolvimento, podendo equilibrar, assim, o ego, sendo ele classificado como saudável. A má índole ou desvio de caráter ocorrem na ausência de bons exemplos, de uma educação com regras e participação ativa dos pais.

Fonte: TelaVita

Fonte: Flowing