Como recuperar o paladar e o olfato depois da Covid-19?

O impacto sensorial causado pelo novo coronavírus ainda vem sendo estudado. Segundo artigo recente, publicado na revista científica Nature, especialistas apontam que a perda súbita ou a distorção dos sentidos é um fenômeno duradouro e debilitante. Então, como recuperar o paladar e o olfato depois da Covid-19?

Até o momento, o treinamento olfativo se mostra a melhor estratégia. Para conhecê-lo, continue a leitura!

Por que algumas pessoas perdem o olfato e o paladar após a Covid-19?

A anosmia (perda total do olfato) é um sintoma comum da infecção pelo coronavírus. Vale destacar que, fora o impacto significativo na piora da qualidade de vida, ela vem sendo associada à exposição a situações de risco. Isso porque, a falta do olfato deixa as pessoas mais vulneráveis a perigos como incêndio, vazamento de gás e intoxicação alimentar.

Dito isso, vamos aos mecanismos responsáveis pela perda da capacidade olfativa. Na realidade, eles não são totalmente conhecidos. No entanto, existe consenso de que o problema ocorre quando o coronavírus infecta as células que dão suporte aos neurônios sensoriais no nariz. Essas são chamadas de células sustentaculares do epitélio olfatório.

Em relação à forma como o coronavírus compromete o paladar (ageusia),sabe-se menos ainda. Alguns estudos apontam que a perda de ambos os sentidos ocorre devido à inflamação nos bulbos olfativos.

Como recuperar o paladar e o olfato depois da Covid-19?

A maioria das pessoas que tiveram Covid-19 e perderam o olfato e o paladar recuperam os sentidos em cerca de um mês. Em outras, porém, a melhora ocorre mais lentamente, em até seis meses.

Para complicar, muitas vezes esse processo se dá de maneira desagradável. Algumas pessoas, à medida em que recuperam o olfato, relatam sentirem odores bem ruins (fenômeno chamado parosmia).

Mas, vamos ao que importa: como recuperar o paladar e o olfato depois da Covid-19? Em relação ao uso de medicamentos, ainda não existe nada efetivo para tratar a anosmia e a ageusia.

Até o momento, a melhor terapêutica apresentada é o treinamento olfativo. O processo de reabilitação se vale da neuroplasticidade, ou seja, da capacidade do cérebro de se reorganizar para “compensar” um problema.

Esse tipo de treino apresenta uma taxa de sucesso significativa e não possui contraindicações. Basicamente, consiste em cheirar, pelo menos, quatro odores diferentes repetidamente, para reaprendê-los.

Em geral, recomenda-se fazer esse processo, pelo menos, duas vezes ao dia, por alguns meses. Cada aroma deve ser sentido por cerca de 20 segundos, com intervalo de um minuto entre eles.

Na hora de escolher os aromas, deve-se usar alimentos ou óleos essenciais com cheiros intensos e característicos, tais como limão, eucalipto, cravo e rosa. O café, assim como alho, laranja e hortelã, também se mostram eficientes. Como medida auxiliar, recomenda-se, também, fazer a lavagem tópica nasal com soro.

Já para acelerar a recuperação do paladar, procure diversificar as refeições. Tenha o cuidado de ingerir os cinco grupos alimentares (amargo, azedo, salgado, doce e umami — o último, presente em alimentos como tomate e cogumelos) todos os dias.

Quando é indicado procurar a ajuda de um otorrinolaringologista?

De acordo com a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF),em caso de dificuldade para sentir cheiros e gostos, deve-se sempre procurar um otorrinolaringologista. O especialista irá definir o diagnóstico e prescrever o tratamento mais adequado de forma individualizada, aumentando as chances de uma recuperação completa.

Um estudo pioneiro, elaborado pela ABORL-CCF e a Academia Brasileira de Rinologia (ABR) mostrou que pacientes que tiveram perda súbita do olfato têm menor taxa de recuperação total. Além disso, essa se dá de maneira mais demorada do que naqueles em que o comprometimento olfatório foi parcial (condição conhecida como hiposmia).

Outro ponto importante é a existência de variáveis que influenciam na recuperação. É o caso da idade avançada e do tabagismo, fatores que dificultam a melhora do paciente. Nesses casos, a ajuda profissional é ainda mais essencial.

Agora que você entendeu como recuperar o paladar e o olfato depois da Covid-19, se necessário, coloque o treinamento olfativo em prática. Mas atenção: as informações contidas neste artigo não descartam a necessidade da visita a um otorrinolaringologista. Portanto, agende sua consulta quanto antes e certifique-se de estar fazendo o melhor pela sua reabilitação!

Fonte: Clínica Zanini

Fonte: Flowing