Segunda-feira, final do dia. Mando um whastapp para ele. “Amor, vamos à academia hoje à noite?”.
Por dentro, eu rezo para que ele diga que não. Mensagem visualizada. Digitando. Online. Digitando. Digitando. “Vamos ver que horas eu consigo sair daqui”. Ok. Oremos.
À noite, nos encontramos em casa.
Evitamos o assunto. Falamos sobre trabalho, contamos piadas, comentamos que o encanador não retornou a ligação. Falamos sobre sonhos, sobre vida após a morte, sobre a nova música da Ludmilla. Academia nada. Passam alguns minutos, ele entra no banho. Sai. Coloca o pijama. Graças a Deus. Não vamos.
Na terça eu saio apressada.
Lembro, com alguma angústia e algum alívio que à noite temos um jantar qualquer, mas que está marcado para às 20hs, logo, não poderemos ir à academia, senão chegaremos absolutamente atrasados. Que pena, que pena mesmo. Eu queria tanto fazer leg press.
Na quarta-feira é ele quem diz pela manhã:
“Viu? Vamos ver se a gente vai à academia à noite.” Tá. Vamos ver o que que rola. Fim do dia, eu proponho “E se a gente colocar o tênis e for dar uma volta da rua?”. Boa. Ele topa. Saímos. Quatro quadras depois estamos tomando um açaí. Seguimos a caminhada e acabamos a noite 10 minutos depois, naquele japa delícia que abriu mês passado.
Quinta-feira acontece mais uma tentativa.
Como já estamos cansados, proponho “Vamos à academia amanhã cedinho?”. Ele diz que pode ser. Na hora de deitar ninguém coloca o despertador para 6 horas da manhã. Presumimos ambos que o outro deve ter colocado. Acordamos às 8:15, ninguém fala no tema. É quase um tabu.
Já é sexta feira e nós não fomos à academia nenhuma vez.
Não podemos continuar assim. É uma questão de saúde, é uma questão de bom senso. Já não temos idade para isso. Mas tudo bem, ainda temos o fim de semana para resolver isso. Quer dizer, esse não porque vamos viajar. E os nossos tênis não cabem na mala. E hoje não dá porque academia sexta à noite não pode ser, academia sexta à noite é sacanagem. Sexta à noite é dia de cervejinha. E assim vamos nós, abraçados, ladeira abaixo.
Fonte: Blog O Estadão – Por Ruth Manus
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