Manter-se saudável e adotar hábitos que fortalecem a imunidade são recomendações dos profissionais de saúde desde o início da pandemia do novo coronavírus – sendo medidas importantes para que o organismo esteja melhor preparado, caso entre em contato com o vírus. Neste contexto, o abuso de bebidas alcoólicas passa a ser um ponto de atenção relevante.
De acordo com diversos estudos, o consumo excessivo de álcool pode enfraquecer nosso sistema imunológico, tornando o corpo um alvo mais fácil para doenças. Isto acontece porque as células de defesa são afetadas pela ingestão exagerada de bebidas alcoólicas.
Impacto do álcool na imunidade
O uso crônico e pesado dessa substância reduz o número de linfócitos T periféricos e também parece causar a perda de linfócitos B periféricos – ambos relacionados com a defesa do organismo e que desempenham um papel importante no reconhecimento e destruição de organismos infecciosos, como bactérias e vírus.
Essas alterações acabam comprometendo a capacidade de resposta a patógenos (agentes causadores de doenças) e contribuindo para o aumento da suscetibilidade a infecções, incluindo as virais, como é o caso da COVID-19.
Apesar das pesquisas explorarem os danos associados ao uso pesado de álcool, sobretudo de modo crônico, é preciso fazer um alerta: beber muito em uma única ocasião – conhecido como Beber Pesado Episódico (BPE)* – também diminui a capacidade do corpo de evitar infecções até 24 horas depois do consumo.
Consumo de álcool na quarentena
Este alerta faz sentido especialmente em tempos de quarentena, quando o aumento do consumo de bebidas alcoólicas foi relatado por 18% dos entrevistados da pesquisa ConVid, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Estadual de Campinas.
Associado à frequência de se sentir ansioso ou deprimido, esse crescimento teve maior registro entre as pessoas de 30 a 39 anos (26%). E, como já falei em outro artigo, o uso de álcool como ferramenta para lidar com a tristeza, estresse ou ansiedade neste período é perigoso.
Por fim, é importante reforçar que os efeitos do álcool na saúde são influenciados por diversos fatores individuais (vulnerabilidade genética, estrutura física, sexo, idade, condição de saúde, dentre outros) e também de acordo com diferentes aspectos do beber (quantidade, frequência, padrão de consumo). Mas ultrapassar os limites de consumo de baixo risco é sempre uma ameaça desnecessária à saúde que devemos evitar – independentemente de pandemia.
Fonte: Minha Vida 03/07/20
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