• 15 outubro, 2024

Declínio cognitivo: o que é e como acontece

À medida que os anos passam vamos adquirindo mais experiência de vida e acumulando vivências. Porém, é também nesse passar do tempo que algumas mudanças no corpo e na mente tendem a se evidenciar.

Com o envelhecimento, é natural que o organismo vá diminuindo parte da sua capacidade, impactando em áreas do nosso corpo e mecanismos importantes para o seu pleno e mais proveitoso funcionamento. Uma dessas áreas afetadas é o cérebro, podendo levar ao declínio cognitivo.

Siga no texto e entenda o que é o declínio cognitivo, como acontece e quais atitudes podem ajudar a conter o seu aparecimento. 

O que é o declínio cognitivo?

Também conhecido como perda cognitiva, o declínio cognitivo é considerado, basicamente, a queda da cognição que acontece naturalmente com o avanço da idade. 

Esse quadro tem como principal característica a piora gradual da inteligência fluida, que diz respeito a capacidade de resolução de problemas e processamento de informações de forma instintiva e automática. 

Com essa perda, é possível perceber que o raciocínio lógico, a memória, a atenção e as demais funções cerebrais podem ficar prejudicadas. 

Apesar de ser considerado um acontecimento inevitável, esse quadro requer cuidados especiais, pois pode evoluir para condições mais severas, como a demência. 

De acordo com alguns estudos é possível categorizar esse acontecimento em três fases distintas, sendo elas:

  • Declínio cognitivo subjetivo: é considerado o estágio mais leve, em que o indivíduo expõe queixas a respeito da cognição, normalmente relacionadas à memória, porém apresenta bom desempenho em testes cognitivos padronizados. 
  • Comprometimento Cognitivo Leve: considera-se a fase entre a cognição normal e a demência, na qual é possível detectar um transtorno cognitivo leve. No entanto, ainda é possível manter a autonomia e independência nas atividades diárias, necessitando de assistência mínima para realizar tarefas mais complexas.  
  • Demência: é o momento em que o indivíduo já apresenta uma perda mais severa da capacidade cognitiva, podendo ser advinda de uma piora do declínio cognitivo ou também como consequência de doenças subjacentes, como o Alzheimer, por exemplo. Nessa situação, os domínios de memória, raciocínio, realização de tarefas complexas, tomada de decisões, linguagem e comportamento podem ser afetados. 
Como e quando o declínio cognitivo acontece?

O declínio cognitivo acontece como consequência da redução da massa cerebral e a diminuição de volume do córtex pré-frontal que ocorre à medida que envelhecemos. Com essas alterações fisiológicas no sistema nervoso central, o número de neurônios diminui, e a produção de hormônios e neurotransmissores importantes vai ficando mais escassa.

Por esse motivo, acredita-se que o envelhecimento é o principal momento de incidência do quadro. No entanto, o comprometimento da cognição pode se dar, também, em outras fases da vida como consequência de acidente vascular cerebral (AVC), traumatismo craniano ou outras condições de saúde que possam interferir no funcionamento neurológico. 

Principais sintomas de declínio cognitivo

Por estar diretamente ligado às capacidades cognitivas, o aparecimento desse declínio pode apresentar os seguintes sintomas:

  • Falhas de memória 
  • Falta de atenção
  • Dificuldade de raciocínio lógico
  • Confusão mental
  • Alterações repentinas de humor
Quais fatores podem acelerar o aparecimento do declínio cognitivo?

De forma geral, o declínio cognitivo é um processo gradual que surge com o tempo ou por meio de condições de saúde distintas. No entanto, alguns hábitos ao longo da vida podem fazer com que o aparecimento desse quadro aconteça mais cedo.

Consumo de alimentos ultraprocessados

O Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) identificou que o consumo exacerbado de alimentos ultraprocessados é um fator que está associado ao declínio cognitivo.

Na pesquisa, foram encontradas evidências que mostram que o declínio cognitivo é maior para aqueles que consomem mais de 20% das calorias diárias em ultraprocessados. Esse consumo pode impactar, principalmente, na memória e na função executiva, conjunto de habilidades que correspondem ao raciocínio, a execução de tarefas e a resolução de problemas, por exemplo.

Além disso, a literatura traz que, além da idade e alimentação, alguns outros fatores também podem estar associados ao aparecimento acelerado do declínio cognitivo, sendo eles:

  • Doenças cardiovasculares, como hipertensão
  • Condições crônicas, como diabetes mellitus
  • Pouco ou nenhum hábito que estimule a mente
  • Sedentarismo 
  • Uso de cigarro e álcool
  • Depressão
  • Genética
Como retardar o aparecimento do declínio cognitivo?

A adoção de um melhor estilo de vida pode ser uma medida para ajudar a retardar o aparecimento desse quadro e prevenir uma possível evolução para condições mais graves.

Para isso, entenda quais os principais hábitos que favorecem um envelhecimento mais saudável e ajudam a retardar o aparecimento do declínio cognitivo:

Alimentação saudável e equilibrada

Pode-se dizer que uma alimentação saudável e nutritiva é fundamental para manter as capacidades cognitivas em pleno funcionamento ao longo de toda a vida.

Uma pesquisa destacou a importância do consumo adequado de ácidos graxos mono e poli-insaturados, alimentos antioxidantes, vitaminas e minerais como fatores que ajudam a manter o bom funcionamento cerebral no envelhecimento. 

Essas são, inclusive, características da Dieta Mediterrânea, destacada por muitos pesquisadores como sendo benéfica para a saúde cardiovascular, cerebral e metabólica. 

Nutrientes para a cognição:

Alguns nutrientes específicos demonstram ação benéfica evidenciada em estudos. Confira alguns exemplos:

  • Ômega-3: proveniente principalmente do óleo de peixe, os ácidos graxos ômega-3 são mencionados em estudos científicos como um importante nutriente para o bom funcionamento do cérebro, uma vez que auxiliam na neurogênese, mecanismo relacionado à formação de novos neurônios. Também, por serem poderosos anti-inflamatórios, diminuem a neuroinflamação que, geralmente, está presente em indivíduos com déficit cognitivo e outras doenças neurodegenerativas. 
  • Vitaminas do complexo B: grupo composto por aproximadamente oito vitaminas que estão envolvidas na produção de energia no organismo e, por isso, seus níveis podem afetar diretamente o bom funcionamento celular. Nesse sentido, estudos mostram que essas vitaminas são importantes para a saúde cerebral e neuronal. 
  • Fosfatidilserina: esse é um fosfolipídio que está presente na composição dos nossos neurônios. Pesquisas evidenciam sua importância na liberação de neurotransmissores pelo sistema nervoso central, além de ter um importante envolvimento na preservação e reversão das alterações estruturais do cérebro envelhecido. 
  • Espermidina: substância encontrada em alimentos como gérmen de trigo, soja, ervilha, avelã e espinafre. A espermidina é elencada em estudos como tendo importante papel na homeostase neurológica. Possui capacidade de regular a autofagia celular e, consequentemente, a sobrevivência celular. Esses mecanismos podem influenciar a memória, a cognição e a melhora de doenças neurodegenerativas. 

Ainda, a ingestão adequada de água também deve fazer parte de hábitos alimentares saudáveis, já que a hidratação é uma peça importante para o funcionamento do cérebro em todas as fases da vida. 

Exercícios físicos

A prática regular de exercícios físicos é apontada em estudos como um possível fator de prevenção do declínio cognitivo, além de possibilitar uma melhora na qualidade de vida e nos sintomas em indivíduos que já têm algum comprometimento cognitivo. 

Ainda, uma meta-análise mostrou que a combinação de exercícios físicos e exercícios cognitivos têm efeito positivo na cognição de adultos mais velhos com demência ou comprometimento cognitivo leve.

Isso acontece, porque a plasticidade funcional do cérebro, que é a capacidade do órgão de se modificar de acordo com a necessidade e estímulo, é beneficiada pela prática de atividades físicas. 

Hábitos que estimulam a mente

Além dos exercícios físicos, os exercícios que estimulam o raciocínio lógico, a memória e a atenção também são fundamentais para manter a mente saudável. 

Um estudo identificou que realizar tarefas estimulantes intelectualmente pode favorecer as funções cognitivas, ajudando a retardar o aparecimento do declínio cognitivo e podendo prevenir o desenvolvimento da doença de Alzheimer em idosos. 

Entre essas tarefas estão leitura, jogos de memória, quebra-cabeças ou qualquer outra atividade que possa estimular o funcionamento do cérebro.

Convívio social

Manter o convívio social durante toda vida e, principalmente, na terceira idade, é um fator importante para a saúde geral do ser humano. A socialização ajuda a manter a saúde mental em dia, podendo ser fundamental para a manutenção das funções cerebrais. 

Esse é, inclusive, um dos fatores elencados pelos povos superlongevos das Blue Zones, as conhecidas “Zonas Azuis” onde vivem o maior número de centenários do mundo. Dentre os hábitos cultivados por esses povos, o convívio social e a manutenção das relações familiares e de amizade são fatores essenciais para a saúde e o bem-estar. 

Como lidar com quem apresenta declínio cognitivo?

É comum que nossos pais ou avós apresentem esse quadro à medida que a idade chega, já que o declínio cognitivo é um processo natural.

Nesse caso, os familiares podem demonstrar alguma dificuldade para lidar com a situação. Apesar de não existir uma recomendação específica, é importante entender que o primeiro passo é auxiliar o indivíduo na procura por um tratamento médico especializado.

Por ser uma condição que afeta diretamente a cognição, é comum que a saúde mental sofra algum impacto, e é nesse momento que o apoio e a companhia da família se tornam essenciais para que esse episódio seja o mais leve e tranquilo possível. 

A verdade é que a idade avançada pode trazer consigo uma série de condições de saúde e, por isso, é importante prezar por um estilo de vida saudável ao longo de toda a vida. 

Fonte: texto retirado do blog essentia
Link: https://essentia.com.br/conteudos/declinio-cognitivo/

Fonte: Flowing