• 4 maio, 2022

Relógio biológico e o segredo para viver melhor

Você já ouviu falar sobre o relógio biológico? Esse mecanismo interno do corpo, quando equilibrado, é fundamental à saúde, qualidade de vida e bem-estar. Afinal, entender e respeitar os horários – de dentro pra fora – faz toda a diferença pra uma boa digestão, pra manutenção de um peso saudável, pra melhores horas de sono e, claro, pra prevenção de certas doenças.

O que é o relógio biológico?
É simples! O relógio biológico é um mecanismo interno (sim, que acontece dentro do nosso corpo) regido pela sequência das horas do dia. Esse relógio está presente em todos os seres vivos, até mesmo nos fungos e nas bactérias, acredite. Sua principal função é regular todas as atividades do organismo.

Qual a possível origem do relógio biológico?
O relógio biológico não é de hoje. Isso porque desde os tempos das cavernas, literalmente, quando os nossos antepassados precisavam sair de um local escuro pra caçar o seu alimento, os seres humanos são animais diurnos. Em resumo, trabalhavam durante o dia e descansavam no período da noite. Notou alguma semelhança?

No entanto, utilizando todo o seu instinto, esses ancestrais traçavam algumas estratégias de sobrevivência. Uma delas contava com turnos de vigia, ou seja, enquanto um grupo dormia mais cedo, outro permanecia acordado, evitando ataques dos predadores.

Provavelmente foi nesse momento que se forjou a base comportamental e biológica que molda as pessoas diurnas e noturnas que estão por aí até hoje.

Como funciona o nosso relógio biológico?
Antes de tudo, é importante saber que o nosso relógio principal, o que controla todos os ritmos biológicos, fica no hipotálamo. Essa é uma estrutura localizada no cérebro que, como um condutor, envia sinais reguladores pra todo o corpo em diferentes momentos do dia.

No entanto, também temos os nossos relógios periféricos. Ou seja, todos os órgãos e tecidos corporais apresentam seus próprios relógios, os quais são sincronizados pelo relógio principal.

Chamamos esses tais ritmos biológicos controlados pelo hipotálamo de ciclo circadiano. Que nada mais é do que o nosso tempo biológico, natural, que opera em um ciclo de 24 horas, e regula os horários de dormir, acordar, comer, ir ao banheiro. Ele também estabelece a produção de determinados hormônios, como o hormônio do crescimento, o cortisol e a melatonina.

De forma geral, o ciclo circadiano é o processo biológico que marca o ritmo da existência de praticamente todos os seres vivos. Em relação a nós, seres humanos, é principalmente influenciado pelas luzes solar e artificial.

Por exemplo, se passarmos um dia inteiro no escuro, sem contato com a luz, o nosso relógio biológico vai perder a sintonia com o relógio externo da sociedade. Isso acontece porque os nossos olhos detectam a luz e enviam mensagens à parte do cérebro que mantém os nossos relógios alinhados.

É por isso que as pessoas têm diferentes ritmos de sono, por exemplo?
É fato que algumas pessoas, consideradas “diurnas”, preferem dormir e acordar mais cedo, tendo mais energia e disposição durante as primeiras horas da manhã. Por outro lado, as pessoas “vespertinas”, se sentem mais dispostas no final da tarde pra noite, preferindo dormir e acordar mais tarde.

A genética relacionada ao relógio biológico já foi bastante estudada. Especialistas no assunto explicam que a luz – por ser o principal ativador do relógio biológico – induz o corpo a se preparar para o período de vigília durante o dia, e de repouso durante a noite.

Por isso, pessoas que ficam acordadas e expostas à luz artificial durante a noite acabam obrigando o corpo a alterar o seu ciclo natural. Quando isso acontece de forma constante ao longo da vida, essa diferença existente entre os relógios interno e externo geram grandes alterações, dificultando a readaptação às condições ambientais.

Embora a cronobiologia (ciência que estuda os ritmos biológicos) seja bastante complexa, em um ponto específico todos os especialistas concordam: o relógio biológico varia ao longo da vida. Por exemplo, os bebês costumam ser matutinos; os adolescentes, vespertinos; os adultos tendem pra intermediários; e os idosos voltam a ser matutinos. O importante é que, independente do seu “tipo” de ritmo circadiano, você deve sempre respeitá-lo.

De forma prática, como tudo isso nos afeta?
A verdade é que os ritmos circadianos dão sentido à vida e aos seus ciclos. Afinal, permitem que o organismo antecipe certos eventos, como a noite e o dia, o inverno e o verão, podendo assim se preparar pra eles.

Observamos isso, por exemplo, durante o ciclo anual. No inverno, quando temos dias claros mais curtos e, consequentemente, noites mais longas, o nosso sono aumenta e, assim, o cérebro libera mais melatonina, o famoso hormônio que regula o sono e a vigília.

Inclusive, alguns especialistas afirmam que acabamos produzindo mais anticorpos no período do inverno, afim de combater com mais efetividade algumas doenças comuns dessa estação do ano.

Seguindo por essa linha, sabemos, por exemplo, que derrames e infartos são mais comuns no período da manhã, devido ao aumento de alguns hormônios. Por outro lado, crises de asma costumam aparecer durante a madrugada, quando diminui o calibre dos brônquios que levam oxigênio aos pulmões. Interessante, não?

Ainda, o médico indiano Suhas Kshirsagar, autor do livro “Mude seus horários, mude sua vida” diz que o horário que realizamos as nossas atividades determina quase tudo o que se relaciona com a saúde – do peso corporal à memória, da resistência física à concentração, do humor ao condicionamento físico. E afirma:

“Quando os pacientes relatam dificuldade para perder peso, não têm disposição ou dormem mal, simplesmente respondo: o problema não é você, são seus horários”

Como viver bem com o seu relógio biológico
Se você está de olho na sua saúde física e emocional, é fundamental observar a sincronia do seu relógio biológico. Vamos entender como manter o seu ciclo biológico alinhado com suas tarefas externas:

É preciso dormir bem
O momento de descanso é essencial pra manter as suas funções biológicas no ritmo adequado. Um sono desregulado pode prejudicar todas essas funções e colocar o corpo sob situação de estresse constante. E já sabemos o que pode vir daí, não é? Mau humor, irritabilidade, indisposição, baixa concentração, e até mesmo o desenvolvimento de doenças.

Pra evitar essas situações e melhorar o seu bem-estar, procure dormir o tempo recomendado – 7 a 8 horas por noite é o ideal. Além disso, lembre-se que a qualidade do sono também é muito importante. Veja aqui as nossas orientação pra uma correta higiene do sono.

Reorganize as suas rotinas de trabalho
Uma importante descoberta recente da ciência foi a comprovação da existência de mais um ciclo presente em nosso corpo. Além do circadiano, contamos com o ciclo septadiano, que trabalha semanalmente.

Sendo assim, trabalhar de forma intensa por sete dias seguidos, ou seja, durante toda a semana e sem folga, pode ser bastante prejudicial à saúde. Que tal olhar com atenção para os seus momentos de trabalho? Aliás, tente se dedicar também às pausas e ao lazer.

A alimentação e os exercícios entram nessa!
Assim como dormir e acordar sempre no mesmo horário ajuda a regular seu relógio biológico, uma rotina alimentar também. Procure realizar as refeições em horários parecidos, mas respeitando os sinais de fome e de saciedade do seu corpo.

Em relação a prática de exercícios físicos, conseguir se movimentar em locais com luz natural pode ser fundamental para o equilíbrio do seu organismo. Portanto, aproveite!

Os problemas do jet lag social…
É comum que pessoas que trabalham em turnos noturnos, como plantonistas, por exemplo, ou mesmo aquelas que apresentam grande descompasso entre seu relógio biológico e sua vida social, podem sofrer do que chamamos de jet lag social.

Esse termo demonstra, basicamente, o prejuízo que o corpo carrega com a a diferença entre o horário em que ele deseja acordar e a hora em que o despertador toca. Além disso, quando essa condição se mantém por muito tempo, o risco de quadros de depressão, obesidade, doenças cardíacas, diabetes e câncer tende a aumentar. Sendo assim, respeitar ao máximo o seu relógio biológico é sempre uma decisão sábia.

Então, agora que você já sabe que “quando” comemos, dormimos ou praticamos atividades físicas é tão importante pra saúde quanto o que consumimos, as horas que dormimos e a intensidade do exercício.

Fonte: LivUp

Fonte: Flowing