• 13 novembro, 2021

Fumar antes de dormir ajuda ou prejudica o sono? Entenda essa relação

Quem fuma ou convive com um fumante sabe que o cigarro muitas vezes é utilizado como forma de relaxar. É por isso que algumas pessoas têm o hábito de fumar antes de dormir.

Essa estratégia, no entanto, pode ser uma vilã disfarçada. É que a nicotina – principal substância presente no cigarro – age no cérebro provocando uma sensação inicial de aliviar tensões e modular o humor. Acontece que a nicotina é estimulante e não permite que a qualidade desse sono seja adequada.

A seguir, você entenderá como o tabagismo afeta o sono e o que pode ser feito para evitar essas consequências.

Por que não fumar antes de dormir?

Apesar de ser legalizado, o cigarro é uma droga como as demais e desencadeia uma série de reações no sistema nervoso central, desequilibrando o funcionamento normal do organismo.

Os efeitos do consumo do tabaco é semelhante ao efeito do álcool. Nos dois casos, é comum que o usuário se sinta sonolento. Porém, essas substâncias são estimulantes e agem no organismo durante horas após o uso, o que perturba o sono.

Como consequência, o indivíduo pode demorar a dormir, pode não ter uma noite de sono reparadora, sentir-se mais cansado ao longo do dia e desenvolver distúrbios de sono. De acordo com National Sleep Foundation, dos Estados Unidos, fumar à noite está fortemente associado a mais insônia e menor duração de sono.

Qual efeito o cigarro causa no sono?

A sensação imediata de relaxamento após fumar é causada pela nicotina. Ela ativa a dopamina, que atua nos centros de prazer do cérebro. Em compensação, a nicotina também atrapalha a liberação da melatonina – hormônio fundamental para o sono – e favorece a adrenalina, que é estimulante. O resultado é um sono mais superficial e fragmentado.

Sono agitado, apneia e sono interrompido são sintomas recorrentes entre as pessoas que fumam.

Fumar inibe a produção natural de dopamina pelo cérebro, de modo que, em longo prazo, sua liberação fica cada vez mais dependente da nicotina, levando a pessoa a fumar mais.Leia também: Muito sono? Saiba o que pode ser e o que fazer

De acordo com um estudo realizado pela Unifesp com dados do Instituto do Sono, o tabagismo leva a diversos problemas de sono, ainda que o mecanismo destes efeitos não esteja completamente esclarecido. Ainda assim, alguns deles são conhecidos a partir dos relatos de pacientes documentados em literatura. O estudo brasileiro reforçou parte desse conhecimento analisando parâmetros objetivos de sono.

Consequências do tabagismo sobre o sono
  • Dificuldade em adormecer e manter o sono;
  • Despertares noturnos;
  • Aumento da ocorrência de roncos (veja abaixo);
  • Distúrbios respiratórios de sono, como apneia;
  • Redução da concentração de oxigênio no sangue;
  • Dificuldade de acordar;
  • Sono insatisfatório;
  • Perda da qualidade de sono;
  • Mau desempenho diurno.
Quem fuma ronca mais?

O tabagismo não altera apenas o equilíbrio químico do cérebro necessário para dormir bem. Ele também tem efeitos diretos sobre o sistema respiratório e pode provocar ou agravar roncos e outros distúrbios.

Além da nicotina, o cigarro carrega inúmeras substâncias tóxicas, como a amônia, que pouco a pouco corrói o revestimento interno do nariz, da boca, da garganta e dos brônquios. O calor da fumaça também irrita e provoca edema (inchaço) nessas estruturas.

Assim, a passagem de ar pelo nariz, boca e garganta fica prejudicada, com menos espaço para entrar e sair. Assim, ao passar por esse estreitamento, a respiração se torna mais ruidosa, causando ou piorando o ronco.Leia também: Apneia obstrutiva do sono pode aumentar o risco de infecção pela COVID-19

Também é importante se atentar ao risco de apneia do sono, pois há necessidade de maior esforço respiratório e podem ocorrer pausas temporárias na respiração.

Parar de fumar dá sono ou faz perder o sono?

Apesar do desejo de dormir melhor ser um incentivo importante para abandonar o cigarro, é preciso ter consciência de que esse benefício virá com o tempo. E que pode ser que os sintomas piorem antes de melhorarem.

Isso porque a nicotina interage com receptores de todo o corpo, causando a dependência. Quando seu fornecimento é interrompido, o organismo precisa reaprender a funcionar sem essa substância. A adaptação costuma ser muito difícil nas primeiras semanas, mas o esforço vale a pena no final.

Inicialmente, quem para de fumar pode enfrentar alterações de sono como insônia ou sonolência excessiva. Esses quadros estão relacionados à ansiedade e às mudanças nas substâncias de estímulo do sistema nervoso central geradas pela falta do cigarro.

Buscar apoio médico e psicológico para combater o tabagismo pode aumentar muito as chances de sucesso. Esses profissionais ajudam a entender as etapas da abstinência e podem acompanhar o paciente com o uso de medicamentos e/ou recursos cognitivo-comportamentais para enfrentar melhor esses sintomas.

Tabagismo da mãe prejudica sono do bebê

Além de atrapalhar o próprio sono, no caso das mulheres que amamentam, o cigarro afeta o sono de seus bebês. É o que sugere uma pesquisa publicada na revista Pediatrics que avaliou o efeito da nicotina em crianças de 2 a 7 meses de idade. A conclusão do estudo foi que os bebês acompanhados apresentaram uma redução de 37% no tempo de sono quando foram amamentados após o uso de tabaco pelas mães.

O nível de alteração de sono estava diretamente relacionado à dose de nicotina que os bebês recebiam do leite materno, consistente com o papel da nicotina como substância estimulante capaz de causar distúrbio de sono.

Fonte: Instituto do Sono

Fonte: Flowing