• 14 julho, 2020

Home office: saiba como controlar os gastos e aumentar a produtividade

Desde que as autoridades de saúde e governos passaram a recomendar o isolamento social como forma de combate à pandemia de coronavírus, o trabalho em casa se tornou praticamente obrigatório para empresas de diversos setores da economia. A questão é que, para muita gente, o sistema de home office apresenta diversos desafios de produtividade e disciplina, principalmente quando o assunto é dinheiro.

Empreendedores e autônomos geralmente sentem mais no bolso em períodos de crise, como este. A equipe do CNN Business, inclusive, deu várias dicas para quem atua neste mercado. Mas não é apenas esse tipo de trabalhador que corre riscos de perder boa parte de sua renda. 

Em uma polêmica medida provisória (MP), anunciada na última semana, o governo federal aprovava o corte de jornadas e salários em até 50% para funcionários contratados em regime CLT. A decisão foi revogada logo em seguida, mas as autoridades ainda sinalizam que podem afrouxar as normas trabalhistas para facilitar a negociação entre trabalhadores e empregadores.

Conversamos com a consultora de carreiras e advogada pós-graduada em Direito e Economia pela Queen Mary University of London, Lucila Lobo para entender como é possível planejar melhor o trabalho e as finanças nesta época. Ela explica que, nessa fase de adaptação, a organização é o ponto chave, mas que também é preciso ter calma e testar quais técnicas funcionam para cada um. Confira, a seguir: 

Crie um ritual

Entre os truques utilizados para colocar o cérebro no “modo trabalho”, está o simples hábito de trocar de roupa pela manhã. Quando há dificuldade de concentração, por exemplo, a recomendação é que a pessoa se arrume como se fosse para o escritório. O importante, no início, é estabelecer uma rotina mais ou menos fixa com horários para cada atividade.

“Outra coisa que ajuda muito é cuidar do nosso ‘hardware’. Alimentação, sono, meditação e atividade física. Sustentando esses quatro pilares, nossa saúde física e emocional se mantém estável. Essa é uma das primeiras coisas que checo com meus clientes. Isso melhora o engajamento consigo mesmo e o planejamento do uso dos recursos, como tempo, energia e até dinheiro”, diz a especialista. 

Tempo (e espaço) é dinheiro

O gerenciamento do tempo, segundo a consultora, faz toda a diferença. “Organizar numa lista de tudo que precisa ser feito, separando as tarefas em importantes e urgentes, pode ajudar. Para quem mora com outras pessoas, a dica é negociar a divisão das atividades que disputam tempo com o trabalho, como cuidar da casa ou mesmo dos filhos. Separe um tempo e peça para não ser interrompido.”

Um espaço adequado também é fundamental. E não precisa ser um escritório, com um ótimo computador ou uma cadeira nova. É possível reutilizar o que já se tem e readequar o ambiente. Desde que o local tenha uma boa iluminação, permita a concentração e uma atmosfera que, para você, lembre o trabalho, está resolvido.

Resista às tentações

Aliás, não compre uma cadeira nova. A não ser que você precise muito. Segundo a consultora, além das despesas normais dessa transição, como o adquirir um pacote melhor de internet ou o uso de ferramentas online pagas, as pessoas tendem a gastar mais com itens desnecessários quando passam o dia em casa.

Nas últimas semanas, a procura por notebooks, por exemplo, apresentou um aumento de mais de 15% em sites de compras online. De acordo com Lobo, não há problemas em adquirir uma ferramenta de trabalho que esteja fazendo falta, mas é muito importante estar atento para perceber se a compra não foi motivada por impulso ou desejo.

De olho nas despesas

Um estudo feito nos Estados Unidos pela Flex Jobs, uma empresa de trabalho remoto, estimou que os americanos que trabalham em casa chegam a poupar US$ 4 mil por ano. A economia parte da redução de despesas com transporte, alimentação e vestuário próprio para o escritório. 

O levantamento, no entanto, não leva em conta gastos com equipamentos, como computadores, e o aumento de contas domésticas, como internet, água e luz. De acordo com a legislação trabalhista brasileira, as empresas podem arcar com parte dessas despesas, desde que esteja previsto no contrato. Em situações excepcionais como esta, entretanto, geralmente o próprio funcionário acaba pagando.

Outro fator são as refeições. Para quem não controla o cartão, o delivery pode ser um problema. “Se você não se organiza vai acabar pedindo comida. É importante separar um tempo pra fazer compras, preparar e congelar os alimentos.”

Tente anotar

O segredo para manter a saúde financeira é o mesmo de sempre: ganhar mais do que gasta. Agora, como você vai fazer isso, realmente não importa. Na experiência de Lobo, as técnicas que funcionam para um cliente, normalmente não fazem sentido para outros. Então, é preciso testar.

“Em algum momento você já deve ter usado técnicas que foram bem-sucedidas. Para uns são os aplicativos ou as planilhas, para outros funciona apenas estabelecer um teto. Tive uma cliente que usava um cartão de crédito com limite e pagava tudo com ele. Investigue o que você já fez nesse sentido que tenha dado resultado. E, se for o caso, peça ajuda.”

Na maioria dos casos, entretanto, o que funciona é anotar. Ao saber quanto entra e quanto sai, fica mais fácil encontrar os gargalos e reduzir os danos. Aplicativos, como Guia Bolso e Organizze podem ajudar os iniciantes. 

Aproveite para aprender

Grandes instituições de ensino disponibilizaram aulas online gratuitas durante o período da quarentena. Os conteúdos abrangem temas como gestão de recursos, economia e produtividade. Entre as opções estão um seminário de introdução à administração contábil da Universidade de Harvard, além de cinco cursos sobre finanças pessoais e investimentos disponíveis no site da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Outros doze foram liberados no site do Serviço Nacional de Aprendizado Industrial (Senai), incluindo um sobre empreendedorismo.

Fonte: CNN Brasil 25/03/2020

Fonte: Flowing