• 16 março, 2018

Como guardar dinheiro? 5 opções de investimento

Escolher um bom investimento pode fazer a diferença na hora da matrícula do seu filho em uma faculdade particular ou de realizar o sonho de um intercâmbio. Para ajudar você a fazer a melhor escolha, criamos um guia com opções de baixo risco.

Saúde, alimentação, sono, educação… Certamente, você cuida – e muito bem – de todos esses quesitos no dia a dia das crianças. Mas e as finanças, como estão? Não estamos falando de organizar as contas rotineiras na sua casa apenas, e sim de garantir uma reserva para o seu filho quando ele já estiver grande. Não parou para pensar nisso? Acha tudo muito complexo? A princípio, o mundo dos investimentos financeiros pode parecer um lugar inacessível mesmo, com suas taxas, siglas e percentuais e não é difícil desistir só de pensar nessas questões. Porém, depois de vencidos os obstáculos iniciais, eles se tornam uma das mais poderosas ferramentas para realizar um dos grandes sonhos de pais e mães: garantir um futuro financeiramente estável para os filhos. Mãos à obra?

O primeiro passo, antes de começar a investir, é decidir que valor você vai poupar todos os meses. O economista Samy Dana, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e autor do livro recém-lançado Faça as Pazes com suas Finanças (Ed. Benvirá, R$ 34,90), sugere que seja feita uma divisão de 50% do dinheiro para despesas obrigatórias, 30% para entretenimento e extras, como um passeio inesperado na escola do seu filho, e 20% para investimento. “É claro que isso pode variar dependendo do estilo de vida e da renda de cada família. O mais importante é estabelecer uma meta do quanto se deseja poupar e fazer um orçamento do que é gasto, para conseguir estabelecer uma rotina”, afirma.

Divisão possível feita, é hora de avaliar as opções oferecidas pelo mercado, que se dividem em renda fixa (títulos, poupança, etc…), mais segura e de retorno razoável, e variável (ações de empresa, câmbio, etc…), arriscada, mas com chance de retorno elevado. A não ser que você já tenha um sólido conhecimento financeiro, comece pela primeira opção. “O Brasil é um dos países com taxas de juros mais altas do mundo. Então, a longo prazo, títulos de renda fixa costumam apresentar bons resultados”, diz Juliana Inhasz, professora de finanças do Insper (SP).

Pensando no futuro do filho Benjamin, 2 anos, a estudante Caroline Scheidt, 30, optou por fazer uma previdência privada para o menino, que poderá ser resgatada daqui a 20 anos. “Nosso objetivo é garantir que ele tenha recursos para uma faculdade particular. Escolhemos ainda uma opção que vem com seguro para que ele possa usufruir caso algo aconteça comigo e com meu marido”, afirma. Já a advogada Camilla Talao, 29, decidiu comprar títulos do tesouro direto para que a filha Maria Luiza, 2 meses, possa fazer um intercâmbio no exterior. “Eu e meu marido investimos uma determinada quantia todos os meses e nossa meta é continuar fazendo isso até ela completar 18 anos”, diz. Para a empresária Lainne Guimarães, 26, mãe de Helena, 5 anos, a poupança foi a escolhida pela praticidade. “Investimos sempre que possível e gostaríamos que ela comprasse um imóvel no futuro”, diz.

Como você pode ver, não há um investimento certo ou errado, e sim aquele que se encaixa melhor para o objetivo que você deseja para a sua família, além de suas possibilidades, claro. Conversamos com especialistas da área de finanças e montamos um guia sobre investimentos de renda fixa populares e as situações em que são recomendados.

INFLAÇÃO, SELIC E FGC

Juntou um dinheiro e está pronto para investir? Fique atento a três fatores que podem fazer a diferença para o seu bolso independente do investimento escolhido. O primeiro é a inflação, um indicador do aumento dos preços. Por exemplo, digamos que o jogo de videogame que seu filho pediu custe R$ 100. Em vez de desembolsar essa quantia, você pode investir esse valor por um mês tendo uma taxa de retorno de 10%. Na hora do resgate, você estará com R$ 110. Parece bom, né? Na verdade, depende da inflação. Se o aumento de preços no período também for de 10%, você não conseguirá comprar nada além do game, ou seja, apesar de a quantia ter aumentado em termos numéricos, o investimento não mudou seu poder de compra e não houve ganho real. Agora, se não houver inflação nesses 30 dias, aí, sim, o investimento terá um retorno positivo e, além do jogo, ainda há uma sobrinha para outra aquisição.

A segunda coisa para ficar de olho é a Selic, taxa referencial para juros, que tem valor sempre maior que o da inflação. Vários investimentos, como CDBs (Certificado de Depósito Bancário), LCA/LCI (Letra de Crédito do Agronegócio e Letra de Crédito Imobiliária) e o Tesouro direto têm percentuais de retorno ligados a ela. A Selic é definida por um comitê do Banco Central que faz reuniões periódicas e os resultados são amplamente divulgados nas seções de economia de jornais e revistas.

Por fim, é preciso saber se o investimento é ou não coberto pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), uma entidade sem fins lucrativos mantida por meio das contribuições de instituições financeiras. Ele garante que o valor aplicado mais os rendimentos sejam ressarcidos em até R$ 250 mil por CPF caso a instituição financeira venha a falir. Por isso, investimentos que contam com essa cobertura são considerados seguros.

POUPANÇA

O que é — Um dos investimentos mais populares no país, ela é um empréstimo feito ao banco em troca de rendimento.

Prós — Tem liquidez diária, ou seja, é possível retirar o dinheiro a qualquer momento. Não há valor mínimo para aplicação, é isenta no Imposto de Renda e praticamente não tem burocracia para abrir esse tipo de conta.

Contras — Costuma ter rendimentos muito baixos. Por exemplo, em 2015, o retorno foi menor do que a inflação e quem optou por esse investimento naquele ano perdeu 2,35% do poder de compra.

Fique atento — Pelo baixo retorno, a poupança é desaconselhável para investimentos de médio e longo prazo.

Risco — Baixo, pois está garantido pelo FGC.

Para quem é recomendado — Famílias que precisam de dinheiro para emergências, que possa ser retirado a qualquer hora. É ideal para investir valores gastos no dia a dia, como escola, roupas, alimentação…

Com quem falar — Os bancos geralmente oferecem a abertura de conta poupança.

PREVIDÊNCIA PRIVADA

O que é — Optar por ela é apostar que o gestor (um terceiro que vai aplicar seu dinheiro, seja em renda fixa, seja variável) fará melhores escolhas do que você por conta própria. Isso porque você não tem capital suficiente para tal investimento sozinho ou conhecimento de mercado.

Prós — É possível investir uma grande quantia de uma vez ou fazer os depósitos em parcelas menores, o que incentiva a disciplina na hora de poupar. Há dois tipos de plano que oferecem vantagens dependendo do objetivo do investidor: o PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres) e o VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres). No primeiro, o valor investido pode ser deduzido de até 12% da renda bruta anual no Imposto de Renda. Porém, na hora que o valor for resgatado, o imposto será cobrado sobre todo o investimento. Já no VGBL, o imposto é cobrado apenas em relação ao que o investimento rendeu. Se o investimento não estiver trazendo bons resultados, é possível pedir portabilidade para outro banco, seguradora ou corretora com melhores taxas.

Contras — As taxas costumam ser elevadas. Podem existir três delas, a de carregamento, cobrada pelo banco toda vez que ocorre um depósito, a de administração, calculada anualmente, e a de saída, descontada quando o dinheiro for retirado. De acordo com especialistas, o ideal é que, somadas, elas não ultrapassem 1,5%, o que dificilmente acontece nos grandes bancos. Acima disso, é muito improvável que haja um rendimento aceitável.

Fique atento — Existem duas tabelas para cobrança de imposto na previdência na hora do resgate do seu dinheiro: a regressiva e a progressiva. Na primeira, com o passar do tempo, paga-se cada vez menos imposto. Então, ela é indicada para quem deseja deixar o dinheiro por um longo tempo (mais de 10 anos). Na segunda, o cálculo é como o do Imposto de Renda, ou seja, quanto maior o valor resgatado, maior o imposto. Esse modelo é mais indicado para investir valores baixos por períodos curtos (no máximo quatro anos).

Risco — Variável. Como não tem cobertura do FGC, se a seguradora falir, você corre o risco de perder todo o dinheiro. Em termos de rendimento, o fundo pode não render tanto quanto as projeções feitas pelo gestor do plano.

Para quem é recomendado — Famílias que desejam investir a longo prazo e acreditam nas boas escolhas do gestor do fundo.

Com quem falar — Bancos, seguradoras e corretoras.

CDB

O que é — Quando alguém compra um Certificado de Depósito Bancário (CDB) está emprestando dinheiro ao banco. Em troca, a instituição financeira oferece rentabilidade geralmente atrelada ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que tem valor muito próximo ao da Selic (acima da inflação). O prazo do vencimento do CDB pode variar, desde alguns meses até anos, por volta de cinco ou menos.

Prós — Os CDBs são oferecidos por diversos bancos e têm diferentes taxas de remuneração, então a chance de encontrar um bom negócio é grande se você estiver disposto a procurar em várias instituições financeiras, como bancos e corretoras.

Contras — Não é possível retirar o dinheiro antes da data de vencimento. Portanto, é essencial avaliar se a quantia investida não fará falta em alguma emergência. Muitos dos títulos com boa taxa de retorno custam acima de R$ 10 mil, que precisam ser aplicados em uma única parcela.

Fique atento — Os CDBs podem ser prefixados ou pós-fixados. Opte pelo pós no caso de investimentos com prazo de vencimento longo, pois assim suas finanças não sofrerão em termos reais com oscilações na Selic ou na inflação. Quanto mais tempo seu dinheiro ficar no CDB, menor será o Imposto de Renda cobrado sobre o rendimento. Para prazos de vencimento de até 180 dias, o valor pago em imposto é de 22,5% e para mais de 2 anos é de 15%

Risco — Baixo, coberto pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Para quem é recomendado — Investidor disposto a pesquisar as taxas oferecidas em diversas instituições e que deseja fazer um investimento de médio prazo, de dois a cinco anos. Pode ser uma ótima opção para quem quer poupar para pagar uma escola mais cara quando o filho chegar ao ensino fundamental, realizar o sonho de ir com a família toda para o exterior ou comprar um carro novo.

Com quem falar — Não converse apenas com o gerente do seu banco. Procure opções em corretoras para encontrar as melhores taxas. Existem também diversos aplicativos que reúnem as opções oferecidas por várias instituições financeiras. Eles podem ser grandes aliados na hora de você comparar prazos de vencimento e rentabilidade.

PREFIXADO OU PÓS-FIXADO?

Muitos títulos de renda fixa (CDB, LCA, LCI e Tesouro) se dividem entre essas duas categorias. No prefixado, desde o momento em que é feito o investimento, você já sabe qual é a quantia que receberá no resgate. Porém, como existe inflação, não é possível saber qual será seu poder de compra. Já, no pós-fixado, o investimento é atrelado a um índice ou taxa, como o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) e o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), o que garante ganhos em termos reais, apesar de não se saber numericamente quanto será recebido. Portanto, em termos de rendimento, papéis pós-fixados são mais seguros do que os prefixados e melhor opção em investimentos de longo prazo.

LCA E LCI

O que é — As Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) e Letra de Crédito Imobiliária (LCI) são títulos de renda fixa emitidos por bancos que aplicam os recursos nos setores imobiliário ou agropecuário. A rentabilidade geralmente é pós-fixada e calculada com base no CDI.

Prós — A maior vantagem é a isenção no Imposto de Renda.

Contras — A desvantagem é o valor dos títulos. Os que têm bom rendimento geralmente custam acima de R$ 15 mil e o investimento deve ser feito de uma só vez.

Fique atento — A carência mínima para resgatar o dinheiro é de 90 dias, e algumas instituições trabalham com datas de vencimento mais longas, de um ano ou mais. Portanto, não pode ser usado como reserva de urgência.

Risco — Baixo, com cobertura pelo FGC.

Para quem é recomendado — Para quem tem quantias acima de R$ 15 mil e pretende investir tudo. Como não há cobrança de imposto, pode ser uma boa opção para curto (acima de três meses) e médio prazo (até cinco anos).

Com quem falar — Além de conversar com o gerente do seu banco, procure opções em corretoras e faça simulações pela internet para ter uma estimativa do rendimento. Quanto mais informações, melhor.

TESOURO DIRETO

O que é — Ao adquirir um título do Tesouro você compra uma parte da dívida do governo, que devolverá o valor acrescido de rendimentos.

Prós — É possível começar a investir com apenas R$ 30. O investimento pode ser feito em parcelas ou de uma só vez.

Contras — Se quiser retirar o dinheiro antes do vencimento do papel, o valor a ser pago pode diminuir consideravelmente e você ter prejuízo. É cobrado Imposto de Renda sobre a rentabilidade, variando de 15% a 22,5% , de acordo com o prazo de resgate.

Fique atento — Existem vários tipos de títulos. Para investimentos de longo prazo, os mais indicados são os atrelados ao IPCA, pois têm como retorno a inflação mais um percentual preestabelecido. Ou seja, sempre haverá ganho real.

Risco — Muito baixo, pois os títulos do Tesouro são assegurados pelo governo. No caso de títulos pós-fixados, o rendimento também está garantido, já nos prefixados pode ocorrer perda real.

Para quem é recomendado — Pela boa rentabilidade e segurança, é o investimento mais recomendado para quem deseja investir a longo prazo. Ótima opção para pais que querem garantir a faculdade dos filhos ou dar um presente especial quando completarem 18 anos.

Com quem falar — Corretoras e bancos trabalham com títulos do tesouro. Procure alguma instituição financeira que não cobre taxa de administração.

FONTE: Revista Crescer – Por Nidia Isabel Marques Saraiva, Fernando Aquino e Fabio Gallo

 

Fonte: Flowing