Muito se diz que o uso excessivo de telas, como celular, tablet, computador e televisão pode ter impacto negativo na saúde. Mas qual é exatamente o efeito na saúde emocional?
Um estudo publicado no Canadian Journal of Psychiatry mostra que, quanto maior o tempo em frente às telas, maior os sintomas de ansiedade. A pesquisa, que acompanhou quase quatro mil adolescentes durante quatro anos, mostrou também que o contrário também era válido: ao se diminuir o tempo de exposição a esses dispositivos, os sinais de ansiedade também eram reduzidos.
Quando as telas se tornam um vício
Se existe excesso no uso de telas, é também porque existe prazer. As redes sociais, por exemplo, estimulam os neurotransmissores que causam sensação de satisfação momentânea, explica a médica psiquiatra Dra Juliana Formiga no episódio 5 do podcast Única Mente. “Já foi estudado que o tipo de recompensa que é ativado no nosso cérebro quando recebemos likes, com essa forma de validação digital, é o mesmo sistema de recompensa que é ativado com drogas de abuso”, diz.
Da mesma forma os efeitos prazerosos podem levar ao vício, a falta também leva à abstinência. A nomofobia é o termo criado para designar o medo de ficar sem celular ou outro dispositivo conectado à internet. Ela pode gerar sintomas físicos como taquicardia, falta de ar, sudorese e problemas gastrointestinais. Esses sintomas são comuns em crises de ansiedade, aponta a psicóloga Luciene Bandeira no podcast Única Mente, e indicam um uso abusivo das tecnologias.
Um outro fator que estimula a dependência das tecnologias é que os circuitos cerebrais de prazer vão se desensibilizando ao longo do tempo. Ou seja, eles se acostumam com o prazer gerado pelas telas, fazendo com que se precise de um tempo cada vez maior para atingir o mesmo nível de satisfação de antes.
Saiba mais sobre os efeitos das telas no cérebro e na saúde emocional no episódio 5 do podcast Única Mente:
Os efeitos das telas em crianças e adolescentes
Um estudo publicado na publicação científica Preventive Medicine Report mostra que o abuso destes aparelhos prejudica o bem-estar de crianças e adolescentes. As crianças estudadas apresentavam menos curiosidade, autocontrole e estabilidade emocional, e tinham mais dificuldade em fazer amigos e em terminar tarefas. Os voluntários entre 14 e 17 anos que passavam mais de 7h por dia em frente às telas tinham mais chance de serem diagnosticados com depressão e ansiedade.
Para evitar os efeitos maléficos de celulares, tablets e outros dispositivos em crianças e adolescentes, a Sociedade Brasileira de Pediatria lançou no fim de 2019 um manual de orientação chamado Menos Telas Mais Saúde. No documento, eles recomendam:
Estrategias para diminuir o tempo de tela
A pandemia deixou todos passando mais tempo em casa, o que trouxe um inevitável aumento no uso da internet, televisão e outros recursos tecnológicos. Crianças e adolescentes, especialmente, tiveram as aulas presenciais migradas para o online, e o tempo de lazer que era passado fora de casa foi perdido. O período pediu muitas adaptações. Pensando nisso, é importante monitorar o uso, mas sem se culpar muito. Afinal, a situação é diferente e os recursos são menores. Além disso, as telas proporcionaram, para pessoas de todas as idades, uma conexão com amigos e familiares que não era mais possível presencialmente.
Algumas estratégias podem ajudam a passar menos tempo diante das telas, e encontrar um equilíbrio entre o real e o virtual:
Vale lembrar que nem todo uso de telas é negativo. Usadas com moderação, elas proporcionam aprendizado e interações sociais e servem até de plataforma para movimentos sociais.
Fonte: texto retirado do blog Sulamericana Saúde
Link: https://painel.programasaudeativa.com.br/materias/saude-da-mente/influencia-telas-saude-mental